Viajar de carro pode ser um prazer por si só! E o Brasil tem estradas lindas, perfeitas para roadtrips inesquecíveis. Neste post vamos falar de uma delas: a Rodovia dos Tropeiros, uma viagem deliciosa pelo interior de São Paulo.

Imersa nas lindas paisagens da Serra da Bocaina e com grande importância histórica, a SP-068 (conhecida como Rodovia dos Tropeiros) fica localizada no chamado Vale Histórico paulista, uma região próxima à divisa com o Rio de Janeiro. Por ser curtinha – ela tem pouco mais de 130 km de extensão – e perto de várias outras cidades importantes do Vale do Paraíba, é um passeio perfeito para um dia ou um roteiro de fim de semana.

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História da Rodovia dos Tropeiros

Há várias rotas dos tropeiros pelo Brasil, em diferentes estados. Todas essas estradas surgiram durante o período colonial, pela necessidade de escoamento de riquezas para o litoral e abastecimento do interior. Aqui falaremos apenas da estrada que hoje se chama SP-068, que fica integralmente no estado de São Paulo. Abaixo um mapinha esquemático da região onde essa rodovia está inserida. Em roxo o trecho do qual vamos falar neste post.

O trajeto de apenas 130 km conecta as cidades de Silveiras a Bananal, passando pelas cidades de Areias, Arapeí e São José do Barreiro, numa região conhecida como Vale Histórico. A estrada foi criada entre 1775 e 1778 sobre uma trilha indígena já existente, e ficou bem famosa por ter sido usada várias vezes por D. Pedro em suas viagens entre os estados do Rio e SP. Inclusive foi durante uma dessas viagens, em setembro de 1822, que D. Pedro acabou declarando a independência do Brasil.

Outra curiosidade sobre esse caminho é a distância entre as cidades, que ficam sempre entre 30 e 40 km uma da outra. Essa era a distância que normalmente os tropeiros conseguiam viajar em um dia, por isso era importante ter um pouso entre um trajeto e outro. Esses pousos deram origem às cidades.

Mas o auge mesmo dessa estrada ocorreu algumas décadas após a independência, durante o ciclo do café, pois ela passou a ligar as cidades mais ricas do Estado. Bananal, por exemplo, chegou até a cunhar uma moeda própria, de tanta riqueza que se concentrava ali. É importante dizer que não era somente o café o responsável por tanto dinheiro, e disso pouco se fala: o tráfico de escravizados enriqueceu muito um pequeno número de homens, que forneciam a mão-de-obra essencial à produção de café.

A abolição da escravatura, em 1888, e logo em seguida a proclamação da República, somados ao esgotamento das terras paulistas por conta da monocultura do café, levaram ao empobrecimento da região e ao esvaziamento das cidades. Hoje, a população delas oscila entre 3 e 10 mil habitantes e todas elas apostam no turismo (histórico e de natureza) como principal atrativo.

Apesar de pequenininhas, essas cidades ainda guardam os resquícios dessa riqueza do passado: prédios imponentes, casarões antigos e fazendas centenárias fazem parte das atrações turísticas.

Como acessar a Rodovia dos Tropeiros

Há várias maneiras de acessar a SP-068, todas a partir da Rodovia Presidente Dutra:

• a partir de Cachoeira Paulista, no km 36;
• pelo trevo de Cruzeiro, no km 34;
• em Queluz, já pertinho da divisa SP-RJ, no km 8;
• e já no estado do Rio, no km 273 em Barra Mansa.

Principais atrações na Rodovia dos Tropeiros

O mais legal de percorrer a Rodovia dos Tropeiros é ir parando em todas as cidadezinhas. Como elas são bem pequenas dá para conhecê-las todas em um dia ou até menos, e o roteiro pode combinar alguns dias em meio à Serra da Bocaina ou ainda uma hospedagem em alguma das antigas fazendas de café.

A estrada por si só é uma atração, passando por vales e montanhas, em meio a fazendas e pequenas propriedades. Se o dia estiver bonito, cada curva parece um cartão postal. E para acrescentar um charme histórico, cada cidade tem seu portal de boas-vindas, por isso é muito fácil se localizar. A seguir vamos falar um pouquinho de cada uma delas.

Silveiras

Silveiras é a primeira cidade da Rota dos Tropeiros para quem parte de São Paulo, como nós fizemos, e paramos nela para o café da manhã durante a nossa roadtrip. Nos surpreendemos com um café muito simpático (e delicioso!) ao lado da Igreja Matriz. Aliás, esse centrinho em volta da igreja parece um cenário: até a Prefeitura ocupa uma casinha branca com janelas azuis e amarelas. Super fotogênico!

Areias

A cidade de Areias é um pouquinho maior que Silveiras e possui alguns atrativos turísticos importantes. A Casa de Cultura, por exemplo, fica numa casa construída em 1833 que foi Câmara de Vereadores, Cadeia Pública e o Fórum. Hoje abriga um imenso acervo de marcos históricos, incluindo vários documentos e objetos de Monteiro Lobato, que foi promotor ali por alguns anos no início do século 20 – e dizem que a monotonia era tanta que lhe sobrou tempo para começar a sua carreira como escritor. Também é sabido que seu primeiro livro, Cidades Mortas, foi inspirado pela decadência das cidades da região após o fim do ciclo do café. Abaixo um trechinho que retrata bem esse cenário desolador:

“Ali tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito.
Um grupo de cidades moribundas arrastam um viver decrépito, gasto em chorar na mesquinhez de hoje as saudosas grandezas de outrora.”

A cidade também se destacou durante a Revolução Constitucionalista de 1932, pois foi onde o comando das forças paulistas ficou localizado. Esse marco histórico ganhou um monumento que fica na estrada entre Areias e São José do Barreiro, num mirante incrível com a serra da Bocaina ao fundo.

São José do Barreiro

Cidade um pouquinho maior e mais estruturada para receber turistas, é em São José do Barreiro que fica a sede do Parque Nacional da Serra da Bocaina, ponto de partida de várias trilhas famosas na região. O centro da cidade também é bem simpático, com destaque para a Igreja Matriz e para o Rancho Armazém, uma loja com cara de armazém de antigamente (há roupas, artesanato, louças, algumas variedades de comidinhas locais e muito mais). Ao lado da loja há um restaurante bem bacaninha de mesmo nome.

Arapeí

Com menos de 3 mil habitantes, Arapeí é a menorzinha de todas as cidades da Rodovia dos Tropeiros e a mais modesta em termos de estrutura e atrações turísticas. Predominantemente rural, ela oferece algumas trilhas e cachoeiras, sendo que a atração mais famosa é a Caverna do Alambary.

Bananal

A maior e mais estruturada cidade da SP-068, Bananal é também o ponto final da Rota dos Tropeiros (para quem parte de SP). Ao contrário do que possa parecer, seu nome não tem nada a ver com bananas: a origem vem do tupi banani, que significa “rio sinuoso”, logo aportuguesado para Bananal.

Com quase 10 mil habitantes, a cidade concentra alguns prédios históricos no centro e uma tradição forte no artesanato em crochê (estivemos lá logo após o Natal e ficamos impressionados com os enfeites, todos feitos em crochê pelas artesãs locais). Outras atrações turísticas são as várias fazendas centenárias interessantes nos seus arredores, entre elas:

• a Fazenda dos Coqueiros, que oferece visita guiada e hospedagem – nós nos hospedamos lá por duas noites e foi uma ótima experiência!
• a Fazenda Resgate, a maior e mais rica da região toda, é possível fazer uma visita guiada;
• a Fazenda Loanda, super conservada, também é possível visitar;
• a Fazenda Resgatinho, que produz e vende uma cachaça especial há mais de cem anos;
• a Fazenda Boa Vista, famosa por ter sido locação de várias novelas de época e que oferece uma estrutura de hotel-fazenda.

Bananal também funciona como porta de entrada para vários passeios dentro da Serra da Bocaina, como a Cachoeira do Bracuí, a Cascata da Onça e a Estação Ecológica de Bananal, que já ficam bem mais afastadas da cidade.

Onde se hospedar no Vale Histórico paulista

Como já mencionamos antes, todas as cidades da Rota dos Tropeiros são bem pequenininhas, e as melhores opções de hospedagem (que não são muitas) ficam em Bananal e São José do Barreiro.

Uma boa alternativa é se hospedar em uma fazenda histórica de café – algumas abrem somente para visitação, outras também para hospedagem. Esse é o caso da Fazenda dos Coqueiros, em Bananal (para fazer a reserva da hospedagem pode-se entrar em contato diretamente com a fazenda ou utilizar o Booking, através desse link). Outra opção em Bananal, na mesma linha mas um pouco mais luxuosa, é a Fazenda Capoava.

Em São José do Barreiro há um número maior de opções, como a Pousada Encanto da Bocaina e a Reserva Porto Bocaina (ambas muito bem avaliadas no Booking).

No mapa abaixo algumas outras opções na região.

Outras viagens próximas ao Vale Histórico paulista

Essa roadtrip fez parte de um roteiro lindo que fizemos pelo Vale Histórico paulista e pela Serra da Bocaina. Abaixo algumas outras viagens por perto:

• O que fazer em Cunha: top 8 passeios
• O que fazer em um fim de semana em Trindade
• O que fazer em São José dos Campos em um fim de semana
• Penedo e Itatiaia: roteiro de um fim de semana

Este post é parte de uma blogagem coletiva com o tema PASSEIOS. Mais uma iniciativa do Grupo 8on8, do qual fazemos parte, onde os blogs integrantes desenvolvem um tema comum, ilustrando com apenas 8 fotos e publicando no dia 8 de cada mês. Vale conferir os demais posts!

• Destinos Por Onde Andei… | Plaza de Bolívar, em Bogotá, Colômbia
• Let’s Fly Away | Grande Barreira de Corais da Austrália: tudo como visitar!
• Mulher Casada Viaja | Castelo Predjama: o mais inusitado que já visitei
• Travel Tips Brasil | Corrida no deserto: Vale da Morte e cânions do Arizona!

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