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Serra da Bocaina: o que fazer nessa linda região entre SP e RJ

Conteúdo atualizado em 2 de agosto de 2025

Uma combinação perfeita de natureza e história: trilhas, montanhas e cachoeiras, cidades antigas e bem preservadas, estradas com visual incrível – essa seria uma ótima descrição da Serra da Bocaina. Localizada entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a Serra da Bocaina fica na transição entre as Serras do Mar e da Mantiqueira. Seus limites se estendem até o litoral, já no estado do Rio, incluindo os municípios de Angra dos Reis e Paraty; já a parte montanhosa fica no estado de SP e inclui as cidades de Cunha, Bananal, São José dos Barreiro, Areias, Arapeí e Silveiras.

Abaixo um mapa esquemático mostrando a localização da Serra da Bocaina.

mapa esquemático Serra da Bocaina
fonte: https://barreiroturismo.com.br/mapas/

Mas o que a Serra da Bocaina tem de tão especial? Uma das características mais bacanas dessa região é que é possível fazer todo tipo de turismo, desde ecoturismo radical até passeios urbanos bem sossegados, passando por turismo histórico, rural e gastronômico. Dá pra passear sozinho, em casal ou a família toda. Tem praias, cachoeiras e mirantes incríveis. Dá para acampar ou se hospedar em hotel-fazenda chique. E ainda dá pra viajar de carro só curtindo o visual e até fazer um bate-volta rápido.

um arco-íris impressionante na serra

Em resumo, podemos separar os passeios na Serra da Bocaina por interesse dessa forma:

  • Ecoturismo: é na Serra da Bocaina que fica a maior área protegida de Mata Atlântica do país, o Parque Nacional da Serra da Bocaina. Esse parque é conhecido como o “paraíso do trekking” por conta das suas várias trilhas que levam a lindos mirantes e cachoeiras.
  • Roadtrips: há duas estradas lindíssimas que cortam a Serra da Bocaina. A mais famosa é, sem dúvidas, a serra Cunha-Paraty, cheia de curvas e de atrações nas suas margens (em especial perto de Cunha). Mas a Rodovia dos Tropeiros, uma estrada histórica que passa por cidadezinhas e fazendas centenárias, também é uma roadtrip perfeita pela serra.
  • Turismo Histórico: na Serra da Bocaina se concentra um roteiro histórico que inclui várias cidades que tiveram seu auge durante o Ciclo do Café, além de lindas fazendas de café centenárias que, hoje restauradas, permitem visitação e hospedagem.

Neste post vamos falar exclusivamente da Serra da Bocaina na região compreendida entre Silveiras e Bananal.


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Cunha fica em outra direção, mais próxima ao litoral, e já contamos sobre a cidade e seus pontos turísticos neste post: O que fazer em Cunha: top 8 passeios

1- Trilhas, cachoeiras e mirantes na Serra da Bocaina

Ecoturismo é, sem dúvidas, um dos pontos mais fortes da Serra da Bocaina. Como mencionado acima, o Parque Nacional da Serra da Bocaina oferece muitas trilhas de variados graus de dificuldade, levando a mirantes, cachoeiras e praias.

A sede do parque fica em São José do Barreiro e de lá partem trilhas para várias cachoeiras, sendo as mais conhecidas a de Santo Izidro e a das Posses. Também é da sede que parte a Trilha do Ouro, uma travessia de 51 km que termina em Angra dos Reis, normalmente feita em três dias e que só pode ser feita com guias credenciados. Mais informações podem ser encontradas neste link: Guia do visitante.

pórtico em São José do Barreiro

A cidade de Bananal, pertinho de São José dos Barreiro, também tem várias cachoeiras famosas, sendo a mais conhecida a Cachoeira do Bracuí (que exige enfrentar um bom tanto de estrada de terra e mais de 3 km de trilha). Mas há outras cachoeiras de acesso bem mais fácil, como a Cachoeira Cascata da Onça e a Cachoeira dos Pilões, que exigem pouca caminhada.

Outro lugar em Bananal perfeito para ecoturismo e para conhecer um pouco mais sobre o trabalho de preservação da Mata Atlântica é a Estação Ecológica Bananal. Há algumas trilhas e cachoeiras fáceis de chegar, perfeitas para banho, e na sede é possível conhecer o trabalho desenvolvido ali. A entrada é gratuita mas é preciso agendar a visita pelo site.

2- Roadtrips pela Serra da Bocaina

A Serra da Bocaina, apesar de pequena se comparada às suas vizinhas Mantiqueira e do Mar, comporta duas das estradas mais bonitas que conhecemos: a serra Cunha-Paraty e a SP-068, conhecida como Rodovia dos Tropeiros. Ambas são perfeitas para uma viagem de carro cheia de paisagens lindas.

Rodovia dos Tropeiros

A SP-068, conhecida como Rodovia dos Tropeiros, tem apenas 130 km de extensão e corta uma das regiões mais bonitas do estado de São Paulo, já perto da divisa com o Rio de Janeiro. Ela conecta as cidades de Silveiras a Bananal, passando pelas pequeninas Areias, Arapeí e São José do Barreiro, numa região conhecida como Vale Histórico.

Rodovia dos Tropeiros na altura de Areias

A estrada é perfeita para uma viagem de carro: as paisagens são lindas, é possível parar em todas as cidadezinhas, e ainda conhecer cachoeiras e fazendas centenárias. Contamos como foi a nossa experiência viajando pela Rodovia dos Tropeiros no post abaixo.

3- Turismo histórico na Serra da Bocaina

Formado pelo encontro das Serras do Mar e da Bocaina, o chamado Vale Histórico é uma linda região do estado de São Paulo e uma das mais importantes em termos históricos. É considerada o berço da cultura tropeira por ser uma das ligações entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo durante o período colonial, com antigas estradas e ranchos que serviam de apoio aos viajantes.

Mas o auge econômico dessa região ocorreu no século XIX, durante o chamado Ciclo do Café. O Vale Histórico concentrava as maiores fazendas produtoras de café do país e essa prosperidade deixou um legado arquitetônico impressionante, com fazendas e casarões preservados espalhados pelas cidades do vale. A região chegou a ser tão rica que criou e manteve sua própria moeda por anos. Móveis, roupas e costumes eram importados da Europa e muitos barões do café mantinham uma estreita relação com os ingleses, que davam as cartas nas finanças mundiais na época.

centro de Bananal

Mas com a abolição da escravatura, a proclamação da República e o declínio da cultura cafeeira pelo esgotamento das terras, o vale se esvaziou de riquezas e pessoas. O cenário era tão devastador que foi retratado por Monteiro Lobato (que atuou como promotor em Areias por vários anos) em seu conto Cidades Mortas.

“Ali tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito.
Umas tantas cidades moribundas arrastam um viver decrépito, gasto em chorar na mesquinhez de hoje as saudosas grandezas de dantes.”

trecho de Cidades Mortas, de Monteiro Lobato, publicado em 1919

De alguns anos pra cá a região vem se reinventando como destino histórico, atraindo turistas para conhecer seu patrimônio arquitetônico revitalizado. O centrinho das cidades ao longo da Rodovia dos Tropeiros é bem charmoso e concentra grande parte dos prédios históricos. Ah, e um detalhe fofo: ao longo da rodovia há portais indicando os nomes da cidades.

Pórtico de Silveiras na SP-068

Já as fazendas centenárias são uma atração à parte. Várias delas, totalmente revitalizadas, abrem suas portas para visitas guiadas, hospedagem e day use. Infelizmente não tivemos tempo de conhecer todas elas, mas segue uma lista das principais:

  • Fazenda Loanda – fazenda original de 1791, que foi totalmente reformada em 1850 e pertenceu ao Barão da Joatinga. Os atuais proprietários oferecem visitas guiadas pelo casarão – nós fizemos e recomendamos. Mais informações no site Fazenda Loanda.
  • Fazenda Resgate – a maior e mais luxuosa fazenda da região, original de 1828. Também oferece visitas guiadas que podem ser agendadas através do perfil Fazenda Resgate.
  • Fazenda Resgatinho – apesar do nome, não tem nenhuma relação com a outra fazenda. Diferente das anteriores, não há visitas guiadas – o maior atrativo da Resgatinho é a produção de cachaça de mesmo nome. Aberta todos os dias, é possível degustar e comprar os produtos feitos ali (além da cachaça, há rapadura, açucar mascavo, licores e doces), além de apreciar a vista e bater um papo com o proprietário. Mais informações aqui no perfil Resgatinho.
  • Fazenda Boa Vista – uma das mais antigas da região (estima-se que sua construção tenha começado em 1780) e a mais utilizada como cenário em novelas e filmes de época. Hoje é um hotel-fazenda daqueles bem familiares, com recreação, refeições incluídas e uma programação intensa na alta temporada. Oferece também day use, que inclui a visita guiada, fora dos períodos de férias. Mais informações no site Hotel Fazenda Boa Vista.
  • Fazenda dos Coqueiros – construída em 1855, é a que oferece mais opções ao turista: visita guiada, day use e até hospedagem, além de sediarem vários eventos regionais. Também é a fazenda com acesso mais fácil e a mais próxima do centro de Bananal. Mais informações no perfil Fazenda dos Coqueiros 1855. Nós passamos duas noites muito confortáveis lá e também fizemos a visita guiada, vale a pena conhecer.
Fazenda dos Coqueiros
Fazenda dos Coqueiros

Onde se hospedar na Serra da Bocaina

Há diversas opções de hospedagem ao longo da Serra da Bocaina, desde campings e pousadas bem simples a hotéis-fazenda e hotéis-boutique super exclusivos e voltados para quem quer luxo. E entre esses extremos há algumas opções com bom custo-benefício. A escolha vai depender de qual parte da Serra da Bocaina você quer explorar e do que pretende fazer.

Hospedagem no Vale Histórico

Aconselhamos escolher a hospedagem de acordo com o tipo de turismo. Se for somente turismo histórico, cidades e fazendas, o melhor é se hospedar em alguma das cidades do Vale Histórico. As distâncias não são grandes entre uma e outra e transitar pela Rodovia dos Tropeiros é sempre agradável.

Vale dizer que as cidades são bem pequenininhas e as opções de hospedagem são mais limitadas. Abaixo algumas fazendas em Bananal que oferecem hospedagem:

Se a intenção for explorar as cachoeiras do Parque Nacional da Serra da Bocaina, o melhor é se hospedar em São José do Barreiro ou Bananal. Atenção para hospedagens mais afastadas da cidade, é bom conferir se oferecem refeições além do café da manhã ou se há alternativas por perto.

Outras opções de hospedagem em Bananal (mas todas afastadas do centro):

Dentre as cidades do Vale Histórico, São José do Barreiro é a que oferece um maior número de opções de hospedagem mais próximas do centro da cidade. Abaixo algumas delas:

Mais dicas da Serra da Bocaina

Como é o clima na Serra da Bocaina

Se a intenção for fazer somente turismo histórico e percorrer as cidadezinhas ao longo da Rodovia dos Tropeiros sem pressa, conhecendo as fazendas e os prédios históricos, qualquer época do ano é boa. Só vale dizer que, por conta da serra, no verão o tempo pode mudar rapidamente e o dia lindo de sol se tornar uma tempestade daquelas. O que leva à próxima dica…

Se a ideia for fazer as trilhas e conhecer as lindas cachoeiras da Serra da Bocaina, é melhor evitar os meses de dezembro a fevereiro, exatamente pelo motivo acima. Em questão de minutos o tempo fecha e acaba com o passeio – aconteceu conosco mais de uma vez. Nos lugares mais altos é bem comum haver neblina no início da manhã e no fim do dia.

neblina na serra no meio da tarde

Sugestão de roteiro na Serra da Bocaina

Fizemos uma viagem de 6 dias por essa região em janeiro/2025. Na ida, fomos parando em todas as cidades ao longo da Rodovia dos Tropeiros, até chegarmos em Bananal. Ficamos hospedados duas noites na Fazenda dos Coqueiros, para conhecer as fazendas, e três noites na Villas da Bocaina, uma pousada incrível no meio da serra, mais próxima às cachoeiras.

Essa divisão é boa para conhecer os dois lados da Serra da Bocaina: dois a três dias são suficientes para conhecer conhecer rapidamente o centro das cidades ao longo da Rodovia dos Tropeiros e visitar 3 ou 4 fazendas; e três a quatro dias para fazer as trilhas e conhecer as principais cachoeiras, a depender da sua disposição física rsrs

Como mencionado antes, embora estivesse calor por ser verão, na serra o tempo muda rapidamente. No dia em que reservamos para ir até a Cachoeira do Bracuí, uma tempestade nos pegou no meio da trilha e fomos obrigados a voltar. Por isso aconselhamos que, se a principal intenção da sua viagem à Serra da Bocaina for ecoturismo, evite os meses de verão e verifique bem a previsão do tempo antes de ir.

Para explorar outras áreas da Serra da Bocaina

Como mencionado lá no início do post, uma parte da Serra da Bocaina se estende até o litoral do Rio de Janeiro. E uma das entradas do Parque Nacional da Serra da Bocaina no litoral fica em Trindade, vilarejo vizinho a Paraty, onde é possível acessar as praias do Meio e Cachadaço. Para saber mais, leia nosso post: Trindade em um fim de semana.

Outro ponto importante do Parque Nacional da Serra da Bocaina fica em Cunha. É lá que fica o mirante mais importante do parque, a Pedra da Macela, situada a mais de 1840 m de altitude. Para chegar ao topo é preciso enfrentar 2,3 km de subida em trilha pavimentada, mas quem chega lá é premiado com uma vista incrível do litoral (Paraty e Angra dos Reis) de um lado e da serra e do Vale do Paraíba do outro. Contamos todos os detalhes neste post: Como é a Trilha da Pedra da Macela, em Cunha.


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Respostas de 4

  1. Caramba, como a Serra da Bocaina é multifacetada, né? Adorei conhecer tudo através das vossas aventuras. Eu adoraria explorar todas essas trilhas e cachoeiras, mas também as cidadezinhas históricas (qual é a sua preferida por aí?) e os casarões do café. Não é preciso atravessar um oceano para ter uma aventura linda em família.

  2. Já quero conhecer a Serra da Bocaína! Trilhas, cachoeiras… meu número! Parece bem tranquilo fazer uma viagem de carro do Rio para as cidades da serra! Dica anotada!

  3. Que passeio incrível, achei Areias um charme. Gostei muito da paisagem do miradouro. Em 2014 estive perto, mas não avancei pelo interior. Trilhos não são o meu forte, mas gosto bastante de cachoeiras e zonas históricas.

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