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(Novas) Reflexões sobre nosso isolamento social – 1 mês depois

Conteúdo atualizado em 16 de abril de 2023

Completamos hoje 10 semanas de isolamento social. E se as primeiras 6 foram cheias de altos e baixos, já adianto que esse último mês teve montanha-russa todo dia 😐

Post anterior aqui: REFLEXÕES SOBRE ISOLAMENTO SOCIAL – COMO ESTÁ SENDO NOSSA EXPERIÊNCIA

🛅Nosso dia-a-dia em isolamento

Muitas coisas continuam iguais – estamos saindo pouquíssimo, eu mesma saio apenas uma ou duas vezes na semana para abastecer a despensa, e muito raramente deixo os malinhas me acompanharem na farmácia ou outro lugar qualquer perto de casa. Continuamos sem planos, sem visitas, sem passeios nem viagens. Reforcei o estoque de máscaras para todos, já que temos que usá-las aqui dentro do condomínio também.

No último fim de semana marido encontrou um passatempo, revisitando a própria infância, e fez duas pipas. Depois levou os malinhas a um lugar descampado e deserto para ensiná-los a empinar – daquelas doçuras da quarentena que talvez deixem memórias afetivas e que aliviaram um pouco o confinamento de tantas semanas.

Perdemos mais alguns aniversários de família e vemos os avós um pouco mais saudosos (e chorosos) a cada nova ligação de vídeo. A saudade anda batendo forte e eu mesma já fico com lágrimas nos olhos só de estar escrevendo isso. Os malinhas choram com mais frequência, de saudade das tias, da prima, do irmão mais velho, da casa e do carinho dos avós, dos amigos do prédio e da escola. Meu coração se parte um pedacinho a cada vez que isso acontece, mas prefiro que externem os sentimentos do que fiquem guardando tristeza dentro de si.

🐇 Novidade na família

Atendemos um pedido frequente dos malinhas e finalmente adotamos um animalzinho de estimação de verdade (tivemos 2 peixinhos que partiram dessa pra uma melhor em questão de meses, deixando um rastro de lágrimas – isso porque pra mim peixe nem conta como animal de estimação de verdade). Ao invés de uma escolha óbvia – um cachorro ou gatinho -, partimos para um coelhinho. O timing foi perfeito para a situação e a escolha também: coelho é um bichinho que requer uma construção de vínculo, pois é arisco e desconfiado com quem é maior que ele. É preciso muito carinho e conversa para que ele se sinta à vontade e retribua o afeto, o que é um aprendizado e um exercício de paciência (não é exatamente o que a situação atual está exigindo da gente?). Além disso, é um animal muito limpo, não faz barulho, é fácil de cuidar e extraordinariamente fofo – prevendo que o trabalho braçal recairia em grande parte sobre mim, digo que estou bem satisfeita.

📒 Volta às aulas

Essa foi mesmo a grande mudança desde o último post (além do troca-troca de Ministros da Saúde, mas esse é um assunto que foge da minha alçada 😟). Quero deixar registrado aqui todo o meu respeito aos professores e às escolas, que estão tendo que se reinventar totalmente num ambiente novo, de forma tão repentina. E maior respeito ainda a aqueles pais e mães que optam por homeschooling e assumem 100% as rédeas da educação dos filhos – para esses bato palmas em pé, pois em pouco mais de 2 semanas nesse esquema (e com o suporte da escola, portanto não estou sozinha) já quis pedir demissão dessa tarefa umas 5 vezes ao dia 😵

Brincadeiras à parte, eu confesso que tinha até uma invejinha de quando lia a respeito de homeschooling – famílias que se aventuravam nesse mundão com o carro/motorhome/ barco cheio de crianças e não deixavam a educação formal de lado – estilo família Schurmann, sabem? Mas apesar de ser bem presente e acompanhar de perto os malinhas, já sabia que dificilmente daria conta de assumir essa tarefa – me faltam didática e paciência, além de conhecimento pedagógico. Gosto de saber o que estão aprendendo e ajudá-los eventualmente, mas ensinar tudo é outra história. 

Mas a maior agravante desse rolo todo é que não foi uma escolha. Não escolhemos educação à distância nem educação em casa. Isso nos foi imposto pelas circunstâncias, e era mais que esperado que todos – pais, professores, alunos – batessem cabeça até encontrar um ritmo que satisfizesse a maioria (porque satisfazer a todos é impossível, que o digam os grupos de mães do Whatsapp). E as crianças sentem falta da socialização, e sofrem com isso.

Mas enfim, é o que temos pra hoje e vamos nos adaptando. Às custas de algumas lágrimas (de todos), muito inspira-expira-10-vezes (meus) e conversas com a escola e com as professoras, acredito que sobreviveremos (talvez não sem sequelas). Eu fico só imaginando quem não tem os recursos que temos – computador, celular, internet, mãe disponível. Se já é difícil com tudo na mão, fica perto de impossível sem isso. E digo que a volta às aulas não foi só lágrimas, também teve um lado bom: trouxe alguma disciplina de horários que ajuda no estabelecimento de uma rotina, coisa que estávamos todos sentindo falta. Dormir cedo e ter horário para acordar novamente (as aulas acontecem no horário normal, ou seja, se iniciam às 7 da manhã) têm ajudado as crianças a dormir e até a comer melhor. Todos tivemos problemas de sono em algum momento, e apesar dos altos e baixos das últimas 2 ou 3 semanas, essa foi uma coisa que melhorou para todos.

🧳 A pergunta que não quer calar: Quando poderemos viajar novamente?

Tenho lido bastante sobre as previsões de volta do turismo e o melhor artigo que li até agora é do Ricardo Freire, o “papa” dos blogueiros de viagem que escreve no site Viaje na Viagem. O palpite dele (com o qual concordo) é que surgirão 3 tipos de turistas após a pandemia: aqueles que estarão nem aí (provavelmente o mesmo grupo que já está nem aí e se posicionou contra o isolamento social desde o início 😒) e vão reiniciar a vida exatamente de onde pararam; os abstinentes, que evitarão viajar até que se tenha um tratamento ou vacina para a covid-19; e os ressabiados, que voltarão a viajar mas com muito receio, e que serão extremamente cuidadosos quanto às medidas para evitar novas contaminações. No nosso caso, nos colocaria no time dos ressabiados quase abstinentes, pois confesso que tenho medo de frequentar lugares fechados enquanto não houver vacina – e passeios ao ar livre perto de casa, que já gostamos, serão nossa primeira alternativa.

Prevejo também um bom tempo até que viagens internacionais sejam retomadas – mais por precaução dos outros países do que pelo nosso excelentíssimo governo federal, que continua minimizando o tamanho do problema e desencorajando o isolamento social de todas as maneiras. Um bom exemplo é nossa vizinha Argentina, que tomou medidas bem radicais desde o começo e já anunciou que só abrirá suas fronteiras novamente a partir de 1 de setembro.

Alguns países europeus também já declararam que vão colocar todos os viajantes que provenham de outros países em quarentena de 14 dias assim que chegarem, e me pergunto quantos turistas vão poder “queimar” 14 dias de férias em confinamento.

Outro assunto que ferve nos meios blogueiros de viagem há mais de um mês é a oferta de pacotes de viagem a preços super-hiper-mega camaradas para lugares variados ao redor do mundo. Embora muitos sejam oferecidos por sites e empresas confiáveis, tenho sérias dúvidas se hotéis e companhias aéreas conseguirão honrar esse pacotes – a situação é tão incerta que não temos nem como saber se esses mesmos hotéis e companhias aéreas não terão quebrado até a data da viagem, além da história da quarentena que já citei antes. Eu não arriscaria, e a quem me pergunta digo que a melhor política agora, e no futuro próximo, é esperar, por mais tentadoras que sejam as ofertas.

📈Contexto atual e comparativo entre um mês atrás e hoje

👉 Onde moramos (São José dos Campos-SP) o número oficial de óbitos por Covid-19 até o momento é 24 (hoje é dia 17 de  maio) – eram apenas 3 há um mês. Me assusta ver a idade das pessoas que morreram – passam longe daquela estatística de idosos, a maioria entre 30 e 50 anos, a minha faixa etária 😔 No Brasil, o número de mortes já ultrapassou 15 mil e em várias regiões o sistema de saúde já colapsou. Fico imensamente triste por essas famílias que perderam entes queridos sem nem poderem se despedir.

👉 Não conhecemos ninguém próximo que tenha ficado doente, mas essa semana fomos informados de um caso positivo aqui no nosso prédio – segundo a informação oficial, assintomático (fiquei me perguntando como foi identificado, uma vez que a aplicação de testes ainda continua bem restrita 😕)

👉 Nosso bairro é um dos que mais concentra casos na cidade (passou de 11 para 32 confirmados, embora estejamos cientes que há um alto nível de subnotificações). Estamos vendo muito mais gente nas ruas, inclusive a pracinha aqui ao lado com muitas pessoas praticando esportes e jogando futebol e basquete na quadra. No nosso condomínio o acesso às áreas comuns continua bloqueado. Eu me sinto meio trouxa quando vejo tantas pessoas nas ruas, com suas famílias, de bicicleta, patinete ou simplesmente passeando nas praças – parece que sou a única que se preocupa e não deixa as crianças saírem de casa 😠

👉 A prefeitura publicou um decreto autorizando a abertura de salões de beleza, barbearias e academias – os tais “serviços essenciais” reconhecidos pelo governo federal. Como as diretrizes do governo do Estado são de fechamento de todos os comércios e serviços até 31 de maio, o Ministério Público suspendeu o decreto – a prefeitura diz que irá recorrer. Eu sinceramente não consigo entender academias como serviço essencial e acho uma temeridade sua reabertura, visto o alto risco de contágio nesses lugares. Quanto aos salões e barbearias, pelo que tenho visto já estão abertos há algum tempo, com aquelas restrições de praxe (horário marcado, álcool gel, máscara) 😷

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Somos uma família de 4: eu, Cíntia, engenheira de formação mas que sempre gostei de escrever e viajar; marido, que me acompanha nas viagens desde 2009; e nossos dois malinhas, Letícia e Felipe, atualmente com 14 e 11 anos, que carregamos por todos os lugares desde que ainda estavam na minha barriga.

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16 respostas

  1. Adorei ler o seu ponto de vista e me identifiquei com a maioria dos pontos levantados. Essa parte do estudo em casa não está sendo fácil mesmo! Por outro lado, estamos muitos momentos em família. Quanto a viagem, orando por uma vacina!

  2. Muito bacana seu texto reflexivo sobre o isolamento social. Também li o texto do Ricardo e concordo com ele. Acredito que o poder voltar a viajar será poucos, de maneira gradual (pelo menos tem que ser, né?). E tudo isso tem que depender de muitos fatores. Além de comparativos de números, toda a cadeia doo Setor do Turismo deve passar por vários "cursos" de novas adaptações e adotar uma rotina de execução dos diferentes protocolos de higiene e segurança. A mudança terá que ser grande, mas acredito que em breve, será possível fazer pelo menos aqueles Bate Voltas, no estilo piquenique, a destinos onde não gere aglomeração. E você, o que acha?

  3. Eu também sou do grupo dos ressabiados e abstinentes, acho que a maioria das famílias com crianças também deve ser, afinal, ninguém quer arriscar o bem mais precioso que é a vida dos filhos. Essas são reflexões que muitos estamos fazendo (e refazendo) nesse período, que chamo mais de distanciamento físico do que propriamente isolamento social, uma vez que graças à tecnologia podemos manter contato com as pessoas e o mundo lá fora. Mais do que nunca é hora de repensarmos nossa relação com o planeta, com as pessoas, com a sustentabilidade e valorizar o que realmente interessa. Um dia de cada vez e com calma. Vamos vencer.

  4. Tenho peninha das crianças que têm que se esforçar para conseguirem se adaptar ao "novo normal", pelo menos durante a pandemia. Que bom que arrumaram um amiguinho peludo para elas, fofo demais o Bolota.
    Eu aqui vou me dividindo entre as tarefas da casa, tentando cozinhar cada vez melhor para a família, já que adoro cozinhar. Já a limpeza da casa é um pouco mais sofrido, mas tenho me superado, hahaha.
    Em relação ao isolamento social, temos feito nossa parte e ficamos em casa radicalmente, somente nosso filho sai para as compras uma vez por semana e devidamente mascarado e cercado de toda segurança necessária.
    Tenho certeza de que iremos vencer esta guerra, apesar do Capitão dizer:E daí???
    A Joaninha também me representa, amiga. Amei seu post, um reflexão sincera e coerente sobre estes dias nebulosos. Grande beijo.

    1. Obrigada Gisele! Também acho que vamos superar, a questão é a que preço? Um país sem liderança de verdade faz a população sofrer muito mais e por mais tempo, isso me dá uma angústia enorme.

  5. Este período realmente pela excepcionalidade gera muitas reflexões!! Muitas mudanças, também aprendizados!! Como tudo na vida!! E…verdade, cautela é tudo!!

  6. Sempre é tempo de fazer novas reflexões sobre o isolamento social. Todos estamos sofrendo embora sofrimentos diferentes. Que delícia ter um companheirinho em casa. Dá uma animada na criançada. Não consigo imaginar crianças em aula e pais trabalhando de casa.Como idosos que somos, 63 e 65, estamos em casa e não sei quando retornaremos a viajar. Meu marido tem que ir trabalhar alguns dias. Ele se encarrega da limpeza da casa e eu tô sofrendo na cozinha, não sei e não gosto de cozinhar. Vamos sair dessa !

  7. Este período nos faz repensar muitas coisas, como vocês, ainda não tenho ideia de como será o retorno as viagens. A nossa pequena às vezes nos pergunta quando vamos passear de novo, e a resposta é não sei, a verdade é que só a vacina irá fazer recuperar a confiança dos mais preocupados.
    Nos últimos dias também fiquei com vontade de introduzir um bichinho aqui em casa, até para fazer companhia para a nossa viajante durante outro home, o office. Mas ainda estou pensando em como faríamos com ele quando tudo isso passar e voltarmos a percorrer o mundo.

  8. Bons registros e reflexões sobre o momento de isolamento social que estamos vivendo. Acredito que o momento é de se reinventar, ter fé e esperança. Nunca imaginamos viver algo parecido, agora é encarar o problema e se superar. Acima de tudo achar atividades que ocupem a mente é fundamental. E vamos seguindo juntos…

  9. Essa pandemia é realmente um acontecimento perturbador que nunca imaginamos que pudessemos viver. Todas as restrições trazidas pela necessidade de isolamento social são incômodas e algumas chegam a ser violentas. Não poder viajar certamente não é a mais grave, mas nos deixa muito tristes. Legal a sua postagem sobre o tema um mês depois.

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