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Livros infantis para viajar sem sair de casa

Conteúdo atualizado em 9 de agosto de 2024

Sou apaixonada por livros e poucas coisas me emocionaram tanto como mãe quanto ver meus filhos se alfabetizarem e descobrirem por si mesmos o prazer da leitura. Meu malinha mais novo está em pleno processo de alfabetização e já lê bastante coisa sozinho; a mais velha há tempos já é autônoma e inclusive tem suas preferências. Nestes tempos tão tomados pelos aparelhos digitais, não é nada fácil fazer as crianças se interessarem em ler – por isso é importante despertar neles esse interesse desde cedo.

Podia ficar horas aqui discorrendo sobre a importância da leitura, sobre como eu amo ler para mim e para os malinhas, o tamanho da nossa biblioteca ou como amamos uma livraria, mas esse é um blog de viagens – portanto vou falar de livros para os pequenos leitores e como é possível “viajar” e conhecer outros lugares e culturas através de livros infantis muito bacanas. Daqueles que despertam a curiosidade para conhecer de fato os lugares, que mostram modos de viver diferentes dos nossos ou simplesmente contam detalhes muito peculiares de locais super famosos e turísticos.

Livros infantis para viajar pelo Brasil

Começamos pelo Brasil, e nada melhor do que a incrível fauna brasileira para chamar atenção dos pequenos, não é mesmo? A coleção Brasileirinhos, da dupla maravilhosa Lalau e Laurabeatriz, é de uma fofura sem tamanho e agrada todas as idades. Brincando com as palavras e com lindas ilustrações, cada página tem um poema curtinho dedicado a um animal brasileiro, acompanhada de um pequeno texto resumindo principais características, onde vivem e razões do desaparecimento da espécie – todos os animais que aparecem nos livros estão em risco de extinção. São 6 volumes: Brasileirinhos, Mais Brasileirinhos, Bem Brasileirinhos, Novos Brasileirinhos, Bebês Brasileirinhos e Brasileirinhos da Amazônia

São excelentes para iniciar uma conversa sobre conservação do meio ambiente e a diversidade imensa de bichos que existe no Brasil, despertando a consciência dos pequenos desde cedo de uma maneira bem lúdica – além da vontade de ver os bichinhos de perto.

A família se expandiu para outros cantos do mundo e agora já podem ser encontrados também os livros Australianos, Africanos, JaponesinhosOba! Que frio!: Poesia para os bichos mais geladinhos do mundo, todos nesse formato com poemas fáceis de ler dedicados a um animal por página. Aqui temos 3 dos Brasileirinhos e o Australianos, que estão até gastos de tanto serem manuseados!

Mantendo a conversa no Brasil e evoluindo de fauna para biomas, existem duas opções bem bacanas: Além do Rio, do Ziraldo, e Diário de um Papagaio, novamente da dupla Lalau e Laurabeatriz

Bom, sou super fã do Ziraldo e adoro tudo o que ele escreve – e Além do Rio não foge ao “padrão Ziraldo de qualidade”: suas ilustrações bem características e aquele jeito meio prosa meio poesia contam as impressões de um pequeno marciano descrevendo o rio Amazonas, da nascente ao encontro com o mar. Bem fácil de ler para aqueles que acabaram de ser alfabetizados, e as ilustrações meio minimalistas não distraem do texto, somente complementam – e deixam no ar aquela vontade de ver tudo aquilo ao vivo.

Já o Diário de um Papagaio: uma aventura na mata atlântica conta a história de um pequeno papagaio-de-cara-roxa que se perde de seu bando e vive uma porção de aventuras até reencontrá-los (sem dar spoiler, mas até traficantes de animais ele enfrenta). A gente viaja junto com ele, em meio às cidades, serras e áreas preservadas de mata atlântica. No final, um mapinha esquemático ilustra as voltas que o papagaio deu entre os estados de SP e PR, assim como um glossário ilustrado das árvores e passarinhos que ele encontra no caminho. As ilustrações são lindas e muito coloridas, e por se tratar de um livro mais longo eu recomendaria para aqueles que já lêem com mais autonomia, por volta dos 8 ou 9 anos, ou ler aos poucos junto com os mais novinhos.

Mas o Brasil não tem só floresta e bicho, que tal conhecer também um pouco dos nossos povos nativos e suas histórias maravilhosas? Na turma dos indígenas temos Poeminhas da Terra, Doze Lendas Brasileiras: como nascem as estrelas, e Contos da Floresta. Aqui adoramos essas histórias fantásticas e como os indígenas se utilizam da natureza para explicar fenômenos diversos.

O primeiro, Poeminhas da Terra, é de uma delicadeza só: os poemas fazem jogo de palavras com as palavras de origem indígena, que por sua vez brincam com as ilustrações. Uma delícia de ler e ver o tanto de palavras de origem tupi que foram incorporadas à nossa língua portuguesa. Falam de bichos, comidas e do modo de viver dos nossos índios, de uma maneira leve e bem fácil dos pequenos entenderem. Encantador!

Doze Lendas Brasileiras, escrito pela Clarice Lispector (que dispensa apresentações, não é mesmo?) tem um projeto gráfico incrível e prefácio da própria autora (escrito em 1976). Conta uma lenda por mês, de poucas páginas cada uma, completando as 12 do título. Uma viagem pelas lendas mais populares, do Saci ao Curupira, e mais outras não tão conhecidas. Livro lindo! E pode ser lido aos poucos, uma história por dia.

O último, Contos da Floresta, é para os mais crescidinhos e é um apanhado de contos escrito por um autor indígena da tribo Maraguá, do Amazonas. Essa tribo tem tradição em histórias fantásticas e assustadoras – mas as crianças adoram um pouquinho de medo, não? Minha malinha mais velha morre de medo das histórias mas vira e mexe está com o livro nas mãos novamente! Ao final, uma breve entrevista com o autor, onde ele conta como é ser indígena no Brasil atualmente e um pouco da sua visão do país, das suas tradições e da importância da natureza. Ótimo para os maiorzinhos, e abre uma excelente oportunidade de conversar sobre os povos indígenas sem aqueles estereótipos de sempre.

Livros infantis para viajar pela África

E a gente sai do Brasil, atravessa o oceano e para na África, esse continente tão lindo e castigado por inúmeros fatores desde os tempos da colonização, mas cheio de lendas e com uma cultura diversa e super rica.

Começo com um dos queridinhos daqui de casa: Obax, escrito e ilustrado pelo André Neves, um autor infantil incrível. Conta a história de uma menininha que mora numa aldeia no meio da savana africana e que adora contar histórias fantásticas, que ela jura serem verdadeiras, mas ninguém acredita nela. Ela então viaja pelo mundo junto com seu elefante Nafisa, em busca de uma chuva de flores. Um livro lindo e sensível demais, com lindas ilustrações do próprio autor, que já foi lido e relido aqui milhões de vezes – e que me fez responder à pergunta “o que é um baobá” também um monte de vezes rsrs

Outro livro nessa mesma linha é Dois Fios. O menino Moussa “constrói” um trenzinho com caixas de papelão e viaja de sua aldeia até outra, onde mora seu avô, descrevendo o que vê e quem encontra no caminho de ida e volta. Uma viagem que acompanhamos e que nos emociona pela simplicidade da narrativa. Curtinho e com ilustrações delicadas que complementam perfeitamente a narrativa.

O terceiro, Diário de Pilar na África, é um livro de aventuras e com uma história mais complexa e cheia de detalhes. A heroína Pilar vai parar na África, na tentativa de salvar a família de uma princesa iorubá de traficantes de escravos. Em meio à aventura, pequenas explicações sobre momentos históricos (como o tráfico de escravos), animais, árvores, países, para ajudar o leitor a entender melhor o contexto da história. Um livro perfeito para os leitores que já têm autonomia, misturando aventura (que eles adoram), com história e geografia. Aliás, a Pilar é uma menininha muito viajada e a coleção inclui também diários de viagem à China, ao Egito, à Amazônia… estou louca para comprar os outros volumes!

Livros infantis para viajar pela Europa

E que tal passear pelas cidades europeias mais famosas do mundo em lindas ilustrações, curiosidades e principais pontos turísticos? A série Proibido para Adultos, da Lonely Planet, traz exatamente essa experiência para os pequenos viajantes. 

Em formato de guia de viagem de cidades como Paris, Londres, Roma e Nova York, os livros têm ilustrações e fotos bem humoradas, um pouco de História e muitas curiosidades dos pontos turísticos. Minha malinha mais velha não esconde de ninguém o sonho de conhecer Paris (sonho esse que anda difícil de realizar dado o valor do euro atualmente) e devorou o de Paris assim que caiu no colo dela.

Mais lúdico e menos guia de viagem é a coleção Isto é…. Livros grandões, em capa dura, com ilustrações lindas dos principais pontos turísticos e do modo de viver dos moradores da cidade, sempre com bom humor – temos o Isto é Paris, mas assim como a série da Lonely Planet, existem o de Roma e de Nova York. É como se realmente estivéssemos visitando a cidade e observando as pessoas e os lugares, uma abordagem bem bacana para os pequenos leitores.

Outro livro fofo demais é O Touro Ferdinando. Com certeza muitos conhecem o filme  de mesmo nome e que é baseado neste livro – o filme é encantador mas tem uma história bem mais complexa, enquanto o enredo do livro é mais simples e cheio de delicadeza. Ferdinando é um touro que nasce no interior da Espanha mas que, ao contrário dos seus colegas, tudo que quer é ficar sentadinho cheirando as flores. Até que por um acidente ele é levado para Madri para participar de uma tourada. Um livro perfeito para conhecer um pouco desse aspecto cultural tão forte na Espanha que são as touradas, e conversar sobre o choque entre a cultura e o respeito aos animais. Além de ser ótimo para falar de respeito às diferenças e que sensibilidade (especialmente nos meninos) não é defeito.

Livros infantis para viajar pela Ásia

Mas o mundo é tão grande e existe tanto o que ver! E quando se trata de culturas muito diferentes da nossa, a curiosidade é certa. Um tempo atrás, antes de Paris ser objeto de desejo, o Japão era a bola da vez aqui em casa e comprei esse livrinho fofo chamado Minhas Imagens do Japão. Nele é possível acompanhar o dia-a-dia de dois irmãos, enquanto eles apresentam diferentes aspectos do seu cotidiano: como é a casa e o quarto deles, como vão à escola, como é a escola, quais as comidas que comem, as principais celebrações… um pequeno retrato de como é a vida das crianças japonesas e seus hábitos, perfeito para mostrar às crianças que, embora com pequenas diferenças, crianças são crianças em qualquer lugar.

Continuando o rolê pelo mundo, temos As Gêmeas de Moscou, do conhecido autor brasileiro Luis Fernando Veríssimo. Ele conta a história de duas irmãs gêmeas, bailarinas, que moram em Moscou. Uma delas sai de casa e viaja pela Rússia, chegando até a Bulgária, até finalmente voltar pra casa e reencontrar a irmã. Uma história sensível de família que tem como pano de fundo a Rússia, mas podia ser em qualquer outro lugar.

Não se passa na Ásia mas é um livro muito divertido e com um formato super diferente: A Queda dos Moais. Conta a história do Joaquim, um menino que vai com a família de férias para a Ilha de Páscoa, no Chile, terra dos famosos moais. Mas não é uma narrativa convencional – para contar essa história os autores misturam e-mails, cartas, quadrinhos, artigos de jornal e ilustrações divertidíssimas. Um livro inusitado que vai agradar os fãs do estilo Capitão Cueca e perfeito para os mais preguiçosos, pois é muito fácil de ler.

Por último, dois livros que nos levam ao Vale do Swat, região do Paquistão onde nasceu Malala Yousafzai, a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz e inspiração para crianças (e adultos) do mundo todo. 

Malala e seu lápis mágico é narrado pela própria Malala, que conta sua história de uma maneira muito lúdica e leve, perfeita para leitores iniciantes. O livro tem capa dura e as ilustrações são super delicadas, misturando um pouco de fantasia (o tal lápis mágico) e realidade. Comprei recentemente e é aquele tipo de livro para ler e reler muitas vezes.

Malala, a menina que queria ir para a escola contextualiza a história de Malala no Paquistão, contada por uma jornalista que visitou o Vale do Swat e conversou com amigos e professores de Malala e sua família. É uma leitura bem mais densa e eu sugeriria uma leitura compartilhada, como fiz com minha malinha de 10 anos. A carinha dela era impagável nos trechos sobre a vida das crianças na região e nas gritantes diferenças entre a educação de meninos e meninas. O livro conta com muitas notas de rodapé que explicam termos usados no texto e ajudam a entender a história e as tradições daquela região. É um livro excelente para conversar sobre culturas completamente diversas da ocidental a que estamos acostumados – mas é bom se preparar para aplacar a revolta dos pequenos contra as injustiças retratadas no livro!

Explorar um interesse – no caso, viajar e conhecer outros lugares – pode ser um ótimo incentivo à leitura. Aqui temos mais algumas dicas:

>> Assim como viajar, o hábito de ler tem que começar cedo, desde bebê. Vale oferecer aqueles livros bem resistentes, de banho ou de tecido, para que eles mesmos manuseiem à vontade, e os de papel deixar para ler com eles (pois há o risco que comam o papel – aqui os dois saborearam pequenos pedaços de livros quando eram pequenos!). Lembrando que, quanto mais novos, mais eles gostam de repetição – aqui tenho livros que sabia de cor e até sonhava com as histórias, de tanto que li e reli.

>> Leia também 10 dicas de viagem que só uma mãe pode dar <<

>> Evite livros de personagens de tv ou cinema. Tenho pavor de produtos licenciados e na minha opinião não tem porque vincular uma coisa à outra, já que existe uma oferta maravilhosa de livros infantis de bons autores, com lindas ilustrações e histórias excelentes, sem nenhum vínculo com personagens conhecidos. Deixe as princesas e super-heróis nas telas e explore outros personagens com as crianças, afinal a Disney e a Pixar já faturam o suficiente.

>> Deixe os livros que podem ser manuseados pelos pequenos à mão deles, de preferência numa prateleira mais baixa ou junto com os brinquedos que eles mais brincam. Aqui até hoje é assim, e olha que tive que abrir mais espaço nas prateleiras conforme as bibliotecas foram crescendo.

>> Como pais e mães, a gente sabe que exemplo é o melhor incentivo, não é mesmo? Que tal deixar o celular pra lá um pouco e começar a ler mais? Pode ser uma ótima oportunidade de melhorar nossos hábitos também…

>> Livros são caros, infelizmente, e não raro os livros infantis acabam sendo até mais caros que os adultos por conta do trabalho gráfico e da encadernação. Uma dica de ouro para comprar livros bons é acompanhar as promoções de grandes sites, como Amazon e Saraiva, e das próprias editoras, como Brinque-Book e Peirópolis. Eu só compro livros em promoção, inclusive pra mim, pois não é difícil encontrar bons descontos. Épocas como Natal e Dia das Crianças também são excelentes para comprar. Comprar livros usados ou usar redes de troca de livros, como o Skoob, também são ótimas opções. Os dois livros da Lonely Planet que citei acima consegui trocando pelo Skoob.

>> Respeite os interesses, mas não deixe que a criança fique monotemática. Meu caçula, como já contei em outros posts, tem fixação por dinossauros – por isso sempre que pode escolher, acaba escolhendo um desse tema. O resto da família, sabendo que ele é um dinolover, também sempre acaba dando livros de dinos pra ele. Minha estratégia é oferecer outras opções, caso ele esteja junto comigo, ou simplesmente comprar livros com outros temas e dar para ele.

>> Livros são um ótimo passatempo durante longas viagens de carro ou avião! Se eles não enjoarem, vale pedir que escolham alguns para levar consigo, juntamente com seus brinquedos preferidos. Oferecer livros que tenham a ver com a viagem também é uma ótima pedida para despertar o interesse deles pelos lugares que irão conhecer.

>>>> Todos os títulos dos livros citados neste post são clicáveis e levam ao site da Amazon, nosso parceiro. Comprando por um desses links, você não paga nada a mais e ainda nos ajuda a continuar produzindo conteúdo atualizado e de qualidade! <<<<

Mais dicas de livros infantis

E vocês, têm alguma dica bacana pra dividir com a gente? Ou algum livro para indicar? Contem aí nos comentários!


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Quem Somos

Somos uma família de 4: eu, Cíntia, engenheira de formação mas que sempre gostei de escrever e viajar; marido, que me acompanha nas viagens desde 2009; e nossos dois malinhas, Letícia e Felipe, atualmente com 14 e 11 anos, que carregamos por todos os lugares desde que ainda estavam na minha barriga.

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Respostas de 8

  1. Que demais estas dicas de livros infantis para viajar!

    Tenho uma priminha que dá um baita trabalho quando a gente tenta incentivar a leitura e até mesmo contar histórias. Anotei alguns títulos e também as dicas do que pode funcionar melhor!

    Adorei!

    Abraço

  2. Ah, que lindo post. Se todo mundo valorizasse a leitura, seria tudo tão diferente. Você selecionou ótimos livros infantis. Parecem muito interessantes e vão proporcionar boas “viagens”.

    1. Que bom que gostou! Eu acredito muito na leitura e na educação como instrumentos para uma vida melhor pra todos. Tento fazer a minha (pequena) parte dentro de casa.

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