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Dicas básicas para curtir trilhas com crianças

Conteúdo atualizado em 20 de outubro de 2023

Este é um post que vinha sendo planejado há tempos, mas tinha medo de dar a impressão errada que somos experts em trilhas – o que não somos! Por isso fica o aviso: continue lendo se você é gente como a gente e simplesmente gosta de viajar, de ecoturismo leve e quer desfrutar da natureza com suas crianças.

Como começamos a fazer trilhas com as crianças

O gosto por trilhas e ecoturismo em geral começou de levinho por aqui. Eu sozinha nunca apreciei muito caminhadas que não envolvessem uma praia no final, onde pudesse passar o resto do dia descansando. Podia caminhar quilômetros na cidade – como fiz em diversas viagens, sem reclamar – mas muito verde com o risco de topar com criaturinhas voadoras (e/ou saltadoras e/ou rastejantes) não me atraía em nada.

Mas, como em tantos outros aspectos, a maternidade me mudou e com os malinhas eu queria que fosse diferente – eles são crianças de apartamento e o contato com ar livre acaba sendo pouco, por mais que contem com parques e espaço aqui no próprio condomínio onde moramos. Então qualquer contato com a natureza que eles tenham já é super lucro, além de ser uma oportunidade da gente conversar sobre preservação do meio ambiente, de diversidade de fauna e flora, de geografia, de coisas que eles estão aprendendo na escola… não houve um único passeio que não tenha se tornado um grande aprendizado, pra eles e para nós. Por conta disso, ecoturismo virou parte dos nossos roteiros e acabamos fazendo vários passeios com esse intuito – e novamente enfatizo, estamos longe de ser especialistas mas já dá para compartilhar algumas dicas para quem quer começar a se aventurar com as crianças por aí!

O que vestir e o que levar em trilhas com crianças

Para caminhar com as crianças, o importante é estar confortável e protegido. Boné, tênis resistente (de preferência aquele que já está bem molinho e não vai machucar o pé), repelente e água (e alguma coisa pra comer, porque nunca é demais!) – isso é mais que suficiente para as trilhas e passeios que já fizemos e indicamos. Esqueça aquela tralha toda que se vê em lojas de material esportivo e assusta qualquer um, isso é para os mais avançados.

E nunca, jamais, em tempo algum, exagere na espontaneidade e se aventure a caminhar de chinelo com as crianças! Fico chocada quando vejo gente de chinelo, sandália ou bota de salto no meio do mato. Também é sempre bom um dos adultos levar uma mochila para carregar garrafinha de água, protetor solar e o repelente – e mais as coisinhas que os pequenos forem recolhendo no caminho (aqui eles adoram pedrinhas!).

trilha em Monte Verde (MG)

Comece aos poucos, em trilhas fáceis e curtas

Para quem não tem experiência nenhuma em trilhas, o conselho de ouro é começar com trilhas curtas e pavimentadas: há muitos parques e museus a céu aberto por aí onde se pode até levar os pequenos no carrinho, de tão tranquilas que são (no final do post tem uma lista).

Sempre desconfie da classificação “trilha fácil”, porque normalmente são fáceis para quem já está acostumado a andar, mas não para perninhas curtas, sedentários de carteirinha ou portadores de chinelos havaianas. Observe as pessoas que estão voltando da trilha, verifique se são do tipo profissionais ou só pessoas comuns ofegantes. Jamais confie no “tranquilo” de uma pessoa toda preparada com equipamentos da seção trekking da Decathlon – pois pode até ter sido tranquilo pra ela, o que não significa que será tranquilo para você e suas crianças. Perguntas diretas do tipo se há pedras escorregadias ou algum obstáculo no caminho podem ser bem mais instrutivas do que perguntar se está perto ou se a trilha é difícil.

trilha no Museu da Água, em Indaiatuba (SP)

Não tenha pressa, aproveite o caminho

Durante a trilha, vá conversando sobre o que estão observando no caminho. Tipo de vegetação e relevo, insetos, animais que vivem por ali, cachoeiras e rios. Os pequenos gostam de parar e observar teias de aranha, flores diferentes, tentar ver macaquinhos e pássaros nas árvores – é preciso ter paciência e ir no ritmo deles, afinal não é uma corrida e o intuito é apreciar a natureza.

Essa é a parte que mais gostamos quando estamos com os nossos malinhas, eles acabam vendo e percebendo coisas que passariam despercebidas por nós adultos – assim como aprendem a apreciar detalhes simples: o céu azul sem nuvens, o formato das pedras, as florzinhas nascendo nos cantinhos.

parte baixa do Parque Nacional de Itatiaia (RJ)

Respeite os limites

Respeite as limitações das crianças e as suas também. Eu sou do tipo medrosa e tenho medo de altura, então dificilmente me arrisco em beiras de pedra ou lugares que me sinto insegura – não há necessidade nenhuma de bancar a heroína nessas horas. Marido que é mais aventureiro se responsabiliza pelos malinhas e normalmente leva um de cada vez aos pontos mais altos, enquanto eu paro e cuido do que ficou.

Ah, e não é vergonha nenhuma desistir no meio do caminho e voltar, se achar que está difícil demais. Já aconteceu conosco mais de uma vez.

trilha do Bauzinho em São Bento do Sapucaí (SP)

Seja apoio e incentivo

Durante a trilha ajude, incentive e elogie os esforços. Seja exemplo: mantenha sempre o bom humor mesmo diante das adversidades. Evite reclamar, pois as crianças acabam se contagiando e isso acaba com qualquer passeio.

Dê as mãos nos trechos mais difíceis, ensine a agachar quando achar que o solo está escorregadio e que cair e se sujar faz parte, assim como parar e descansar um pouco quando for preciso. Seja solidário(a) e diga que também se cansa mas que vale a pena. Fazer trilha pode ser uma metáfora interessante para os problemas da vida, aproveite o momento!

trilha do Alcantilado em Visconde de Mauá (RJ)

Prepare-se fisicamente e prepare os pequenos desde cedo

Fazer trilha com bebês requer preparo físico extra, a não ser que seja uma trilha pavimentada e dê para usar carrinho. Caso contrário, é colo mesmo, podendo ser facilitado com canguru ou sling (que ainda assim é colo).

Bom mesmo é ir acostumando as crianças desde pequenininhas a caminhar. E normalmente os maiorzinhos curtem mais – o período em que os malinhas mais curtiram foi entre 5 e 10 anos, pois nessa idade andam bem sozinhos, conseguem apreciar os passeios e conversar sobre tudo. Depois de mais velhos eles até gostam, mas reclamam sem parar rsrs (e isso é uma outra conversa).

Visconde de Mauá (RJ)

Lista de lugares bacanas que a gente recomenda

Trilhas bem fáceis e pavimentadas

⇢ Acesso à Ilha da Usina, em Salto (SP) – após a ponte, o caminho é suspenso na mata, uma experiência bem bacana – Memorial do Rio Tietê e Complexo da Cachoeira em Salto com 2 malinhas

⇢ Trilha em volta da Represa do Cupini, dentro da área do Museu da Água em Indaiatuba (SP) – Museu da Água em Indaiatuba

⇢ Caminho das esculturas de bronze no Museu Felícia Leirner, em Campos do Jordão (SP) – Museu Felícia Leirner em Campos do Jordão

⇢ Trilha guiada do Refúgio Biológico Bela Vista, dentro do Complexo de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR) – a trilha tem cerca de 2 km e é plana, com alguns trechos de terra e outros pavimentados, e conta com várias paradas para descanso e explicações. Os malinhas lembram até hoje do guia dando dicas de como se portar caso topássemos com uma onça – Itaipu Binacional: 1 dia com 3 malinhas

Trilhas bem fáceis e curtinhas

⇢ Trilhas do Parque Municipal da Pedra Montada em Guararema (SP), um local bem estruturado que além das pedras equilibradas uma em cima da outra, tem ainda uma com cara de tubarão – Roteiro em Guararema

⇢ Dentro do Parque Natural Municipal em Petrópolis (RJ), duas trilhas de 800m de mata atlântica no meio da cidade – Roteiro em Petrópolis: 4 dias com 2 malinhas

⇢ Trilhas do Parque Lage, no Rio de Janeiro (RJ), levam a cachoeiras e ruínas misteriosas – Rio de Janeiro a 4 – o básico com crianças

⇢ Trilha para a Cachoeira Eubiose, em São Thomé das Letras (MG). Os malinhas não estavam conosco, mas eles adorariam – Minas Gerais a dois – a mística São Thomé das Letras

⇢ Os caminhos do Lavandário em Cunha (SP). Algumas subidas e descidas leves, com vista maravilhosa – Lavandário em Cunha com 2 malinhas

Parque da Rocha Moutonée, em Salto (SP), ainda conta com a graça de ter várias réplicas de dinossauros no caminho – Parque da Rocha Moutonnée e outros passeios em Salto (SP)

⇢ Trilhas do Horto Florestal em Campos do Jordão (SP). Um parque com bastante estrutura e que conta com várias pequenas trilhas – 6 lugares imperdíveis em Campos do Jordão

⇢ Caminho da vila de Abraão para a Praia Preta, em Ilha Grande (RJ). Super plana e fácil, e com sorte ainda dá para ver os macaquinhos no caminho – Ilha Grande (RJ) com 3 malinhas

Trilhas de verdade, que exigem mais fôlego

⇢ Trilha da Vila de Abraão até Abraãozinho, também em Ilha Grande (RJ). Foi uma das nossas primeiras trilhas de verdade e uma experiência muito legal com os malinhas – Ilha Grande (RJ) com 3 malinhas

⇢ Caminho da Praia do Pouso, onde atracam os barcos, até Lopes Mendes, em Ilha Grande (RJ). Daquelas classificadas como fáceis mas que podem ser bem puxadas para os pequenos (e grandes também). Mas não tem como ir à Ilha Grande e não conhecer Lopes Mendes, por isso vale o esforço (e ainda estávamos de chinelo!) – Ilha Grande (RJ) com 3 malinhas

⇢ Caminho para a Pedra do Bauzinho, no complexo da bem famosa Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí (SP). Mais puxadinha, com alguns trechos íngremes, e a graça de estar entre os estados de SP e MG – Malinhas na trilha: trilha do Bauzinho em São Bento do Sapucaí

⇢ As trilhas da Pedra Redonda e do Chapéu do Bispo, em Monte Verde (MG). Daquelas consideradas “fáceis”, mas que tem trechos bem íngremes. A vista, no entanto, compensa muito! Vale dizer que para chegar no ponto inicial de carro já pode ser complexo se tiver chovido nos dias anteriores – Monte Verde com 2 malinhas

⇢ Trilhas da parte baixa do Parque Nacional de Itatiaia, em Itatiaia (RJ). Até o Complexo do Maromba é bem tranquilo, tem até escadas com corrimão que dão acesso à Piscina do Maromba. Mas a trilha para a Cachoeira Véu de Noiva é outro daqueles casos fáceis não tão fáceis: apesar de não ser longa tem muitas pedras – Itatiaia e Penedo em um fim de semana com 2 malinhas

⇢ Caminho para a Cachoeira do Alcantilado, em Visconde de Mauá (RJ). Trilha de 1,5 km em meio a grutas e outras cachoeiras e poços, sendo os últimos 300 m bem íngremes para chegar à queda d’água de mais de 50 m de altura. Puxado mas vale a pena! – Vale do Alcantilado – ecoturismo em Visconde de Mauá

Trilhas que desistimos no meio do caminho

⇢ Trilha para a Cachoeira da Feiticeira, em Ilha Grande (RJ). Seguimos bem até o Aqueduto e o Poção, que é a parte fácil, mas depois a subida é íngreme e desistimos. Quem sabe numa próxima oportunidade? – Ilha Grande (RJ) com 3 malinhas

⇢ Fracasso pessoal: desisti de chegar até o Mirante do Cruzeiro, uma das trilhas da pousada Pouso do Rochedo em São Francisco Xavier (SP), porque me faltaram forças… Certeza que os malinhas teriam conseguido! (estávamos só marido e eu nessa viagem) – São Francisco Xavier – dicas de pousada, trilhas e restaurantes

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12 respostas

  1. As crianças estrearam em trilhas na Chapada Diamantina, uma delas levou duas horas e meus filhos se saíram melhor que eu, rs, mas os dois já estavam mais grandinhos. Gostei de saber que, fora a dica de começar com trilhas leves, seguimos essas orientações que você compartilhou. Obrigada por dividir.

  2. Portugal também está cheio de trilhas, mas eu tenho medo de me perder sozinha com o meu filho, ainda só fiz trilhas com guia. Excelentes as suas dicas.

  3. heheh adorei – e na verdade acaba sendo um post válido também para os sedentários que nem eu rs sempre vejo se tem algum idoso ou crianças pequenas voltando de trilhas e se tiver, aí me sinto obrigada a conseguir tb! rs

  4. Muito legal estes posts, muita gente limita demais os passeios com criancças, mas é muito saudável estimular este tipo de passeio e de viagem.

  5. Suas dicas para fazer trilha com crianças são perfeitas. Principalmente a de conversar durante o trajeto sobre o que está vendo para a criança não sentir tanto a caminhada. Adorei!

  6. Dicas valiosas! Muito obrigada por compartilhar. Tinha medo de levar meus sobrinhos pra fazer uma trilha comigo, mas agora acho que vai dar certo 🙂

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