Ok, esse é um blog de viagens em família – e olha que a nossa família é até bem grande: papai, mamãe, dois filhos e um enteado já adolescente. Mas neste Dia dos Namorados venho aqui defender uma outra modalidade de viagem: a dois.
Quem tem filhos, sejam ainda bebês ou já estejam mais velhos, tem noção da reviravolta na vida que é a chegada desses “intrusos”. Aquela espontaneidade de resolver as coisas de última hora, aquelas férias que podem ser tiradas em qualquer época do ano, aquela mala de mão minimalista ou cheia de supérfluos pessoais, aqueles jantares às 11 da noite depois de bater perna o dia todo… dificilmente se consegue isso tudo quando há crianças presentes. Mas nem tudo está perdido! E este post é para defender a ideia que uma escapadinha a dois de vez em quando pode ser possível e dá uma energizada incrível no relacionamento. Seguem minhas pequenas dicas!
Primeiro de tudo é preciso desapegar – vai dar dó deixar as crianças? Sim, vai, não vou mentir. É bem difícil se convencer que as crianças sobrevivem sem nós e estarão seguras e bem cuidadas com outras pessoas. Mas é preciso acreditar que um pouco de saudade é bom. Que conviver com outras pessoas (sem a nossa supervisão) é bom para os nossos filhos. Que se essa convivência for com parentes – avós, tios, primos – é uma maneira de dar a esses parentes o privilégio de desfrutar da companhia dos nossos filhos enquanto são crianças. E principalmente para nós, mães, ficar uns dias sem aquela carga mental de planejamento e preocupação que carregamos o tempo todo é um refresco!
É necessário ter pessoas de confiança com quem deixar os pequenos. Temos muita sorte de ter avós mais que disponíveis e ansiosos para ficar com nossos malinhas – o que nos dá muita segurança em viajar sozinhos. Mas como eles não moram na mesma cidade que a gente, acabamos planejando nossas escapadas para fins de semana ou férias escolares – e adianto que os malinhas curtem muito ficar com os avós. Muita gente não tem essa sorte e esse acaba sendo um impedimento difícil de transpor, por isso meu conselho é, se tiver essa rede de apoio, aproveite!
Se for possível, faça um teste de como seria ficar longe das crianças, caso nunca tenha se separado deles – “ensaie” por uma noite, ou um fim de semana, só que por perto, pois se algo der errado é possível ir buscá-los. É um bom termômetro para ver como todos vão se sentir e quais ajustes precisam ser feitos em caso de uma viagem mais longa (em distância e em tempo). Nem preciso dizer que planejamento é tudo, certo? É bom se antecipar a doenças e outras surpresas que possam acontecer com você longe.
Planeje sua viagem de forma a poder fazer coisas que com as crianças não faria, isso minimiza o remorso por estar se divertindo sem eles. Por exemplo, visite lugares que os pequenos não iriam curtir, ou vocês não conseguiriam ficar o tempo que gostariam. Se hospede em lugares mais românticos, que nem seriam cogitados para uma viagem em família. Faça um roteiro mais adulto, sem preocupações de fome/sono – a não ser os seus. Ande de mãos dadas, converse outros assuntos que não o dia a dia em família. Coloque na mala aquelas roupas, sapatos, acessórios, que faz tempo que você não usa porque te atrapalham no dia a dia com as crianças, mas que você amava usar antes de ter filhos. Eu, por exemplo, fiquei anos sem usar relógio de pulso porque me atrapalhava se tivesse que carregar alguém. Pode parecer pouca coisa, mas dá uma satisfação imensa fazer algo assim.
Haverá momentos e lugares que os dois vão pensar o quanto o(as) filho(as) iriam curtir estar ali (isso sempre acontece com a gente!). Nada de tristeza nessa hora! Foco no que eles não iriam gostar e vocês estão amando. Eu, por exemplo, aproveito demais as refeições sem os malinhas, pois há mais de 13 anos não sei o que é comer sem alguém me interrompendo ou sem pedir algo exclusivamente do meu gosto. Saudade dá e passa, quando chegar em casa passa de vez!
Converse muito com as crianças sobre como será o período sem eles, mas sem passar ansiedade. Diga sempre como vai ser legal ficar com os avós/tios/quem quer que for tomar conta deles. Reforce que a viagem tem data de ida e de volta, e que tudo bem ficar um pouquinho triste se der saudade – o meu caçula sente mais e costuma sentir minha falta principalmente à noite, mas já conversamos bastante sobre isso. Aproveite e nomeie os sentimentos – amor, saudade, ansiedade, (im)paciência – todos vão sentir um pouco deles, e tudo bem, faz parte da vida. Na volta haverá muito o que contar uns para os outros, mais muitos beijinhos e abraços e colo para matar a saudade!
A primeira viagem que fizemos a dois depois das crianças foi em 2012, quando estava grávida do meu caçula e minha malinha mais velha tinha somente 2 anos. Umas semanas antes da viagem ela passou 2 dias com os avós, uma espécie de test-drive, pra vermos como ela se comportava. Ela sempre foi mais desapegada e amava ficar com os avós, mas por ser pequenininha eu fiz uma lista de “instruções”, com horários de dormir e comer, e tudo correu maravilhosamente bem – quem sofreu mais fui eu, de saudade dela!
Depois disso já fizemos várias outras, a maioria por perto, mas também já passamos uma semana fora do país. Isso tudo fora as escapadas de fim de semana para casamentos, shows e outros compromissos que optamos por não levar os dois conosco.
Reforço aqui que a experiência é fantástica! Para nós funciona muito bem – renovamos nossa parceria, curtimos a companhia um do outro, matamos a saudade de como era quando éramos só nós dois, descansamos a cabeça das preocupações e da rotina familiar. Acredito muito que nosso equilíbrio individual e nossa alegria como casal são importantes para a harmonia da família toda. Ache seu ritmo, comece aos poucos se falta coragem, mas arrisque! Garanto que vai ser ótimo e todos sobreviverão sem sequelas (e bem felizes!)
Algumas viagens a dois que já fizemos:
Precisa de mais argumentos? Aqui um excelente artigo do blog Nerd Pai sobre isso: Você viaja sem os filhos e filhas? Se não, deveria
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Respostas de 6
Adorei a defesa da modalidade a dois, rs. Fizemos isso poucas vezes porque sinto tanta saudades da filharada, kkkk. Mas as viagens a dois sempre são ótimas. Precisamos fazer mais vezes, rs.
Eu também morro de saudade, mas nunca me arrependo pois é muito bom!
Nossa, esse texto é o que eu preciso viver! Na semana passada estava lembrando de algumas pousadas em distritos bucólicos cuja presença de criança é proibida! Daí pensei, nossa, já pensou um dia conseguirmos fazer uma viagem assim?! E me veio vários pensamentos das pessoas nos julgando, "credo que horror, vai abandonar a sua filha"…etc etc…Enfim, minha pequena fez 4 anos e ainda não consegui essa proeza, e confesso que até sair à noite sem ela, ainda é difícil! Mas eu quero e preciso MUITO de seguir seu conselho! Eu amei seu texto, muito encorajador, obrigada!!
Te digo uma única coisa, Deyse: ouça seu próprio coração. Gente julgando tem aos montes, principalmente a nós, mães. Mas se vc tem vontade e uma rede de apoio, concretize essa viagem a 2! Comece aos poucos, como eu disse no post, mas jamais se sinta culpada por estar "abandonando" sua filha. Mesmo mães, continuamos mulheres, profissionais e esposas, uma coisa não exclui a outra. Se arrisca e depois me conta como foi! bjs
Adorei o seu texto e me identifiquei. A primeira viagem que fiz só cm meu marido foi muito difícil. Adorei a viagem, mas sofri com a preocupação com os pequenos. Quando voltei vi que não precisava ter me preocupado tanto. Depois fizemos outras bem mais tranquilas. Não conseguimos fazer muitas viagens sozinhos, mas acho que são muito importantes para o casal.
Viajar a 2 é como reviver a lua de mel!