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Itaipu Binacional: o que fazer em 1 dia

Conteúdo atualizado em 25 de fevereiro de 2024

Uma visita a Itaipu não pode faltar num roteiro a Foz do Iguaçu! Quando estivemos lá pela primeira vez, há mais de 6 anos, eu não tinha ideia da grandiosidade da usina e da organização das visitas. Daquela vez fizemos somente a Visita Panorâmica, mas nesta última viagem programamos um dia todo no complexo turístico de Itaipu Binacional, combinando os passeios de maneira a fazer o máximo possível.

Para quem não se lembra das aulas de Geografia e História, aqui vai um resumo rápido: Brasil e Paraguai fizeram um acordo, em 1973, para alterar o curso do rio Paraná em suas fronteiras e construírem, em conjunto, a que seria a maior usina hidrelétrica do mundo. O acordo em si já foi cheio de controvérsias – na época, houve grande resistência a essa associação com o Paraguai, um país pobre e sem recursos tecnológicos, de forma que toda a parte de engenharia e de custos caberia mesmo ao Brasil. O contexto histórico era que ambos, Brasil e Paraguai, eram na época ditaduras militares, e o Paraguai pressionou de todas as maneiras possíveis e imagináveis para ser sócio igualitário e não entrar com um tostão. Finalmente, o acordo foi que o Brasil arcaria com os custos e o Paraguai amorteceria sua dívida em 50 anos, vendendo energia ao Brasil (pois produz muito mais do que precisa) a um custo muito mais baixo. E assim funciona até hoje, com uma revisão desse tratado prevista para 2023.

Muito se especula sobre o custo fenomenal do projeto – cerca de 15 bilhões de dólares, muito mais que o planejado (como sempre aqui no Brasil, muita gente lucrou o que não deveria com dinheiro público ) e sobre o impacto sócio-ambiental na região, que foi imenso: 1500 km2 de área foram inundados, o desaparecimento da cachoeira de Sete Quedas, e mais de 40 mil pessoas desalojadas, num processo de realocação que não foi exatamente bem-sucedido. Em contrapartida, o resultado foi a criação da maior usina de produção de energia limpa e renovável do mundo, fornecendo cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% da energia do Paraguai. E é tudo muito grandioso: na construção (que levou cerca de 10 anos), trabalharam mais de 40 mil pessoas e usadas quantidades inimagináveis de concreto, areia e rocha. Mas o mais legal para nós, turistas, é que o complexo turístico é muito legal de ser visitado, muito organizado e muito bonito!

Há sete passeios que podem ser feitos dentro do complexo, com preços e indicações que variam bastante (todos os detalhes podem ser conferidos no site www.turismoitaipu.com.br – abaixo os preços vigentes em 2018):

Visita panorâmica (R$ 38) – dura cerca de 1h30 e está disponível a cada 20 minutos, livre para todas as idades. De ônibus, com um guia, percorre-se toda a extensão da barragem, parando em alguns pontos.

Circuito especial (R$ 82) – tem duração de 2h30 para pessoas acima de 14 anos, em horários específicos. É uma visita bem mais aprofundada, com direito a conhecer a sala de comando central e ver as turbinas de perto.

Refúgio biológico (R$ 26) – tem duração de 2h30 em horários específicos, livre para todas as idades. É um passeio guiado a pé pelo refúgio Bela Vista, criado durante a formação do reservatório, com o intuito de preservar a flora e fauna da região que foi afetada com a construção da usina.

Passeio de catamarã (R$ 60 durante o dia, R$ 80 no pôr-do-sol) – tem duração de 1h30 em horários específicos, sendo que o mais especial é o último, quando se vê o pôr-do-sol maravilhoso! A imensidão do lago de Itaipu é impressionante.

Iluminação da barragem (R$ 45) – somente aos finais de semana, num único horário, tem duração de 1h30. No roteiro, para-se para ver os 8 km de extensão da barragem serem iluminados pouco a pouco.

Ecomuseu (R$ 14) – entrada livre. É um museu que combina a história da construção com réplicas de equipamentos, e conta também a história da região desde os tempos pré-históricos.

Pólo Astronômico (R$ 26) – tem duração de 2h30, disponível em dois horários. É uma combinação de planetário, observatório e plataformas de observações a olho nu.

No próprio site tem algumas sugestões de roteiros, combinações desses sete passeios que dá para fazer em um dia. Nós fizemos nossa própria combinação: Visita Panorâmica, Refúgio Biológico e o Passeio de Katamaram no pôr-do-sol. Daria para ter feito também o Ecomuseu, que não tem horário específico, mas ficamos com receio de ficar muita coisa no mesmo dia e acabar sendo cansativo para os malinhas.

Compramos os ingressos pelo site (para os passeios que têm horário é preciso escolher na hora da compra) e optamos por deixar a manhã bem livre, somente para a visita panorâmica, e fazer à tarde os outros dois. Como chegamos relativamente cedo (por volta das 9h30) e já tínhamos ingressos, bastou ir até o guichê para trocar os ingressos impressos pelos de entrada. É bom ficar esperto: quando chegam muitos ônibus de excursão juntos, a entrada vira uma confusão até que se organize tudo e todos peguem seus ingressos e entrem.

Logo na entrada há uma maquete do complexo da usina e alguns carros elétricos em exposição, e antes de qualquer passeio o visitante é convidado a entrar no anfiteatro e assistir um vídeo que conta um pouco sobre a história da região e da construção da usina. Na sala também há painéis com fotos da fauna e flora da região e miniaturas de equipamentos da usina.

Do lado de fora, próximo de onde saem os ônibus, fica o painel gigante dizendo “maior usina do mundo” e um anel enorme, um dispositivo utilizado nas turbinas dos geradores – lugares super fotogênicos!

Vale ressaltar que a estrutura na entrada é excelente: há banheiros, lanchonetes, lojinhas, assim como funcionários disponíveis para auxiliar os visitantes.

Próximo ao anel gigante saem os ônibus para os passeios, foi dali que saímos para a visita panorâmica e para o refúgio biológico.

Em todos os ônibus vai também um guia, explicando um pouco sobre os pontos que passamos e contando partes da história da construção. Em alguns pontos é possível descer e permanecer, pegando o próximo ônibus para continuar o passeio – é assim no Mirante Central e no Porto. Em outros, como no Mirante do Vertedouro, pode-se descer por alguns minutos para fotos, mas deve-se retornar no mesmo ônibus.

Um dos pontos mais bonitos e fotogênicos é o Mirante do Vertedouro, uma das estruturas mais famosas da usina, aberta somente 10% do ano.

Nós descemos no Mirante Central, de onde se tem uma vista magnífica da barragem e onde ficam o Painel do Barrageiro e o Homem de Aço, obras que homenageiam as pessoas que trabalharam na construção da usina. Ali no entorno também pode-se ver as árvores que foram plantadas para cada pessoa que morreu durante a construção – são muitas árvores, o que dá uma certa tristeza.

Seguindo o trajeto de ônibus, passa-se ao lado dos condutos forçados, imensos tubos brancos, e das salas de controle. Em dado momento, passa-se em cima do rio Paraná – de um lado, Brasil; do outro, Paraguai. Tudo é impressionantemente grande!

Paramos também no Porto, onde fica o maior restaurante do complexo – o Porto Kattamaran -, para tirar fotos e comer. O lago é gigante (cerca de 1350 km2) e não se vê o outro lado. Dali saem os passeios de barco.

Pegamos o ônibus de volta à portaria, pois de lá saía o passeio para o Refúgio Biológico Bela Vista. Já no caminho o guia vai explicando as origens do refúgio e como será o passeio.

O refúgio foi criado em 1984 para receber os animais e plantas desalojados por conta da formação do reservatório, e é um misto de mata nativa com áreas reflorestadas. Ali se desenvolvem várias atividades de conservação ambiental: pesquisa e reprodução de animais silvestres, produção de plantas nativas e medicinais, resgate e socorro de animais e atividades de educação ambiental. Os edifícios são todos planejados de modo ecologicamente correto, como por exemplo o telhado verde do Centro de Visitantes, que funciona como um ar-condicionado natural.

A trilha, de mais ou menos 2 quilômetros, tem início no Centro de Visitantes e o guia nos deu diversas instruções antes de sairmos – como passamos mesmo no meio da mata, é possível topar com diversos animais, inclusive onças. Fomos instruídos a não tocar em nada, tentar manter silêncio (meio difícil, pois no nosso grupo havia diversas crianças),  se proteger com repelente, não comer e não sair da trilha. No caminho, o guia foi nos contando a história do refúgio, como foi o reflorestamento, como distinguir mata nativa de reflorestada, encontros inusitados com animais… Mas a parte que mais impressionou os malinhas foi a dos animais resgatados – muitas histórias tristes, de atropelamentos a aves eletrocutadas, todos vivendo ali porque não sobreviveriam livres.

Na trilha dos animais ficam também os que estão sendo estudados e reproduzidos em cativeiro para que possam ser devolvidos à natureza, como é o caso da onça pintada – há um casal e uma filha vivendo ali. A onça pintada é o animal símbolo do Refúgio.

Ao fim, chegamos ao portinho, onde o guia nos explicou como funciona o canal da piracema, um canal seminatural (foram construídas escadas e canais num corredor que já existia) que permite que os peixes migratórios do rio Paraná consigam chegar aos seus locais de reprodução. Um trabalho muito interessante e bonito!

Pegamos o ônibus de volta e paramos no ponto do porto, para o nosso último passeio do dia: o catamarã no lago de Itaipu. Deixamos por último justamente porque queríamos ver o pôr-do-sol na represa. Mas o que é um catamarã? É um barco com dois cascos (conhecidos como “bananas” por conta do seu formato), geralmente movido a motor (como é o caso deste de Itaipu), de navegação estável e rápida. O nome tem origem indiana, e esse tipo de embarcação foi inventado nas ilhas da Polinésia.

O catamarã de Itaipu tem capacidade para 200 pessoas e 35 metros de comprimento e serviço de bordo completo (feito pelo mesmo pessoal do restaurante). Realmente a navegação é bem suave e o passeio todo dura cerca de 1h30. Vale ressaltar que a trilha sonora no barco é sensacional!

Ao final do passeio, na volta ao porto, quando o sol já tinha se posto, fomos brindados com o nascer da lua – um presente de despedida!

Na saída do porto os ônibus aguardavam os passageiros para nos levar de volta à portaria. Sem dúvida um passeio maravilhoso! Recomendamos muito dedicar pelo menos um dia para conhecer Itaipu!

Mais sobre a viagem a Foz do Iguaçu nestes posts:

↪ Roteiro completo: Foz do Iguaçu em 5 dias com 3 malinhas

↪ Cataratas do Iguaçu com 3 malinhas – parque brasileiro X parque argentino

↪ Minas de Wanda e San Ignácio Mini – a Argentina perto de Foz do Iguaçu

 

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Somos uma família de 4: eu, Cíntia, engenheira de formação mas que sempre gostei de escrever e viajar; marido, que me acompanha nas viagens desde 2009; e nossos dois malinhas, Letícia e Felipe, atualmente com 14 e 11 anos, que carregamos por todos os lugares desde que ainda estavam na minha barriga.

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Respostas de 18

  1. Não imaginava que tinha tantos passeios para fazer em Itaipu, dá vontade de experimentar todos. Mas gostei das escolhas que fizeram, principalmente o catamarã. O que achou dos preços, compensou?

    1. Dá mesmo vontade de fazer todos os passeios em Itaipu! Mas em um dia é praticamente impossível por causa dos horários. Os ingressos não são baratos mas achamos que é um passeio que compensa muito!

  2. Primeiro post sobre Itaipu que leio que menciona questões políticas e econômicas! Não podemos esquecer este contexto quando viajamos e muito menos quando escrevemos a respeito. Ponto pra vocês!

    1. Manter o olhar crítico tem que fazer parte de qualquer viagem. E prezamos muito isso quando viajamos com as crianças, para que desenvolvam seu próprio olhar. Que bom que gostou!

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