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Guia da Ilha do Mel: como chegar, onde ficar, o que fazer

Conteúdo atualizado em 26 de abril de 2024

Um dos destinos de ecoturismo mais famosos do Brasil, a Ilha do Mel, no litoral do Paraná, já há algum tempo deixou para trás a fama de lugar alternativo. Mas não se iluda: ainda é um lugar bem rústico, onde não entram veículos, as ruas são de areia, não há iluminação à noite e pode faltar água e luz, quando a ilha está muito cheia. Neste post vamos dar todas as informações necessárias para planejar uma viagem para lá: como chegar, onde ficar, quando ir e o que fazer na Ilha do Mel.

Informações gerais sobre a Ilha do Mel

Situada na baía de Paranaguá, a Ilha do Mel tem pouco mais de mil habitantes – mas fica cheia de turistas, especialmente no verão, que vão em busca das praias mais bonitas do estado do Paraná. Formada por uma combinação de restingas e mata atlântica, a maior parte de sua área é reserva ambiental, restando aos turistas conhecer apenas uma pequena parte da ilha. Mas podemos dizer com certeza que vale a pena!

A ilha tem cinco vilarejos: Fortaleza, Nova Brasília, Farol, Praia Grande e Encantadas, sendo Nova Brasília e Encantadas os mais populosos e onde ficam os cais de embarque e desembarque. Não há ruas ou estradas, só trilhas, e como a ilha toda é considerada área de preservação ambiental, a negociação de imóveis é proibida por lei e os moradores possuem apenas concessão do uso dos imóveis. Dos seus 2700 hectares apenas 200 têm permissão de uso e ocupação, e o restante é reserva ecológica (tombada pelo Patrimônio Histórico em 1975, é administrada pelo Instituto Ambiental do Paraná desde 1982).

fonte: https://secultur.paranagua.pr.gov.br/

É importante dizer também que não há na ilha atendimento médico ou odontológico, bancos, farmácias ou grandes mercados. Há apenas um posto de saúde e mercadinhos que vendem de tudo (inclusive alguns poucos medicamentos) – por isso é importante viajar prevenido, com algum dinheiro em espécie, e levar uma farmacinha com remédios básicos, assim como repelente e protetor solar, que são bem mais caros na ilha.

Um pouco da história da Ilha do Mel

A Ilha do Mel já tem registros de ocupação humana desde antes de 1500, mas passou de fato a ter uma ocupação humana estratégica no período colonial, quando sua localização – a entrada da Baía de Paranaguá – foi considerada importante na defesa contra invasões estrangeiras. E foi no século 19, já durante o Império, que foram construídos um farol e uma fortaleza, que existem até hoje e são dois importantes pontos turísticos da ilha.

A Fortaleza da Ilha do Mel

Aliás, sua localização foi considerada estratégica por tantos anos que a ilha permaneceu como território federal até 1982, quando finalmente passou a pertencer ao estado do Paraná – até então a ilha não possuía água tratada nem eletricidade, que só chegaram alguns anos depois (ainda assim, a luz era gerada por gerador e desligada à noite). A eletricidade, via cabos submarinos, só chegaria de fato em 1998 (vale dizer que quando há uma superlotação na ilha, em feriados e férias de verão, os sistemas se sobrecarregam e pode faltar água e luz).

E de onde vem o nome Ilha do Mel? Em todos os registros antigos, desde meados de 1600, a ilha já aparece como Ilha do Mel, provavelmente porque a extração de mel sempre foi uma atividade muito praticada ali, desde os índios carijós. Outra hipótese é a cor de mel da água do mar, quando vista do morro das Conchas (na verdade a água é cristalina, a areia é que é escura em toda a ilha). Há quem diga ainda que o nome tem origem na palavra alemã mehl, que significa farinha, produzida por uma família alemã que vivia na ilha. Há também quem diga que o nome vem dos muitos mangues e restingas próximos ao mar, que acabam dando uma coloração amarronzada à água. Seja como for, o nome pegou desde sempre.

Como chegar à Ilha do Mel

Para chegar à Ilha do Mel há duas opções de partida: Paranaguá e Pontal do Sul. Em ambos os casos, a travessia é operada por barcos da ABALINE, a associação de barqueiros do litoral norte do Paraná. As passagens podem ser compradas diretamente nos guichês existentes nos pontos de partida, ou online no site ABALINE. Os barcos variam um pouco em termos de tamanho e estrutura, mas a qualidade da viagem é parecida.

O horário normal de funcionamento é: saídas de hora em hora em dias de semana, e a cada meia hora nos finais de semana – mas isso pode variar em feriados e na alta temporada do verão, assim como com as condições meteorológicas. Todas as informações estão no site da ABALINE.

Importante: na hora do compra da passagem é preciso escolher se o desembarque será em Nova Brasília ou Encantadas. A escolha dependerá do local da sua hospedagem.

Qual a diferença entre sair de uma cidade ou outra? O trajeto via Pontal do Sul é bem mais rápido, cerca de 30 minutos. Já a travessia via Paranaguá leva 1h30. Lembrando sempre que não é permitida a entrada de veículos na ilha, portanto é preciso deixar o carro em um dos estacionamentos próximos ao embarque (há várias opções, e algumas pousadas na Ilha têm parcerias com alguns deles, é importante perguntar no momento da reserva). Os estacionamentos também costumam aceitar reservas antecipadas em feriados e fins de semana, especialmente os que ficam mais próximos do embarque, pois a procura é grande.

Há outras opções além dos barcos com hora marcada? Para quem não quer depender de horário marcado e/ou prefere uma travessia com mais privacidade há a opção do táxi náutico, que pode ser arranjado ali mesmo no embarque ou pré-agendado pelo próprio site da ABALINE, que disponibiliza essa opção. Sabemos também que algumas poucas pousadas da Ilha do Mel já incluem o transporte no pacote da hospedagem, mas não foi o nosso caso, por isso não temos mais detalhes.

Como foi a nossa experiência? Nós fomos para a Ilha do Mel no final de dezembro de 2023 e ficamos por lá uma semana, incluindo o revéillon – portanto, altíssima temporada. Ainda assim as travessias, tanto de ida quanto de volta, foram bem tranquilas e organizadas, apesar do grande número de pessoas. Fomos via Pontal do Sul e compramos as passagens na hora, diretamente no guichê. Por pura sorte, conseguimos vaga num dos estacionamentos mais próximos ao embarque pois não seguimos nosso próprio conselho de reservar com antecedência rsrs.

Onde se hospedar na Ilha do Mel

Já vai longe o tempo quando só havia campings selvagens na Ilha do Mel. Hoje em dia há uma boa oferta de pousadas com excelente custo-benefício, outras bem simples e algumas poucas mais luxuosas (e esse luxo pode incluir o transporte das suas malas do cais de desembarque até a pousada em carrinhos de mão). Entre essas mais luxuosas, destacam-se o Grajagan Surf Resort e o Ilha do Mel Lodges.

A grande maioria das pousadas é parecida com a que nos hospedamos, a Pousada Favo de Mel – essa ainda tinha a vantagem de ter um restaurante ótimo, café da manhã delicioso, uma localização boa (perto do cais mas com acesso fácil às praias) e bom custo-benefício. Algumas outras pousadas que pesquisamos e possuem estrutura e preços equivalentes são:

Outras opções de hospedagem no mapa abaixo:

Booking.com

Onde é melhor se hospedar

Um ponto importante na decisão de hospedagem é a localização: quase todas as pousadas ficam em torno dos cais de desembarque de Nova Brasília e de Encantadas. A vila de Encantadas é mais agitada, tem mais comércios e lojas, e normalmente é a escolha de viajantes solteiros ou casais sem crianças. Nova Brasília é bem mais sossegada, conta com menos opções de comércio e restaurantes, mas em compensação fica mais perto das praias mais bonitas. Nós escolhemos ficar em Nova Brasília e não nos arrependemos – mesmo sendo revéillon, estava tudo muito tranquilo.

Uma dica na hora de escolher a hospedagem: se puder, dê preferência a pousadas que também possuam restaurante, pois não há muitas opções de restaurantes “avulsos” e isso pode ser um problema na hora de achar um lugar pra jantar, por exemplo.

Um outro ponto de atenção é que muitas pousadas apresentam como vantagem o fato de se localizarem perto do cais de embarque e desembarque, mas não se iluda: isso é vantagem somente na hora de chegar e ir embora, na prática pode significar uma longa caminhada até a praia mais próxima. E se carregar a bagagem for um problema, é possível contratar o serviço de transporte de bagagem nos próprios cais de desembarque. Ah, e falando em bagagem, esqueça as malas de rodinha e opte por mochilas ou malas com alça, que são bem mais fáceis de carregar nas trilhas cheias de areia (a não ser que opte por pagar alguém com carrinho de mão para levá-las, é claro).

O que fazer na Ilha do Mel

Praias da Ilha do Mel

O ponto forte da Ilha do Mel é, naturalmente, suas praias. E pela extensão da ilha, há praias para atender todos os gostos: mais calmas e sem ondas, tipo piscininha, até aquelas com ondas perfeitas para o surf. Uma informação importante é que a maioria das praias não tem nenhuma estrutura de quiosques ou ambulantes (as exceções são a praia de Encantadas, de Fora e do Mar de Fora), por isso é importante levar sua própria geladeirinha e coisas para comer e beber.

As praias mais procuradas e mais bonitas ficam do lado virado para o oceano, onde se destacam:

  • Praias do Farol, do Istmo e da Fortaleza – são praticamente a mesma praia, e as três com as mesmas características: planas, extensas e com poucas ondas. Pela proximidade do cais de Nova Brasília, a praia do Istmo e a praia do Farol costumam ter mais gente (daquele jeito Ilha do Mel: sem quiosques ou ambulantes). É também da praia do Istmo que saem os passeios de barco.
  • Praias de Fora, Grande e do Miguel – praias de ondas fortes, muito procuradas pelos surfistas.
  • Praia do Mar de Fora – fica a poucos minutos de caminhada da Gruta das Encantadas. Muita gente (como nós fizemos) vai até a gruta e depois passa o dia nesta praia, que conta com alguns quiosques. Também é uma praia de mar forte e com muitos surfistas.
  • Praia de Encantadas – a única dessa lista virada para o continente, é também onde fica o cais de embarque e desembarque da vila. Por isso é bem movimentada, pois além do vai e vem dos barcos, há quiosques de todos os tipos (agências de turismo, venda de comida e bebida, lojinhas de souvenirs) à beira-mar.

Um ponto é indiscutível quando se visita a Ilha do Mel: é preciso caminhar bastante! As praias são relativamente distantes umas das outras e as placas indicativas podem ser meio confusas (não se preocupe se acabar se perdendo e parar em um lugar que não tinha nada a ver com o planejado rsrs). Uma dica para visitar as praias de forma mais cômoda é comprar um passeio de barco ou pegar um táxi-boat – há sempre vários nos cais de Encantadas e de Nova Brasília.

Atrações históricas na Ilha do Mel

A Ilha do Mel também tem algumas atrações históricas que são passeios obrigatórios: o Farol das Conchas, a Fortaleza e a Gruta das Encantadas.

Inaugurado em 1872 por D. Pedro II e projetado para ajudar a navegação na Baía de Paranaguá, o Farol das Conchas foi construído do alto do Morro das Conchas, um dos pontos mais altos da ilha, e é considerado um dos cartões postais da Ilha do Mel. O acesso ao farol se dá pela praia do Farol, e é preciso subir uma escadaria de 150 degraus até o topo – mas vale dizer: vale a pena! A vista lá de cima é incrível.

Outro ponto turístico de interesse histórico na Ilha do Mel, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres foi construída entre 1767 e 1769 com o intuito de proteger a Baía de Paranaguá contra invasões estrangeiras, e é tombada como Patrimônio Histórico Nacional há mais de 50 anos. Na maré baixa, é possível ir andando até lá a partir de Nova Brasília (são cerca de 4 km), mas também dá para ir de barco, pegando um dos vários táxi-boats a partir de Encantadas ou Nova Brasília.

Do interior da Fortaleza é possível fazer a trilha até o topo do Morro da Baleia, onde fica o labirinto de canhões da Segunda Guerra. É um caminho curto mas bem íngreme, e vale a pena subir! Além de render fotos muito bacanas, a vista lá de cima é linda.

A última atração imperdível da Ilha do Mel é a Gruta das Encantadas, localizada na vila de mesmo nome. Trata-se de uma grande fenda na rocha, à beira-mar, onde é possível entrar quando a maré está baixa, e que rende fotos lindas: o contraste das pedras com o céu e o mar é sempre bonito. O lugar é cheio de lendas e todas giram em torno de lindas sereias que moravam na gruta e encantavam os marinheiros com seu canto, atraindo-os para a morte – logo na entrada da vila há uma placa com uma dessas histórias.

O acesso até a gruta é por uma trilha curta a partir da vila de Encantadas, até uma passarela de madeira que leva diretamente à entrada.

Para saber mais detalhes do que fazer na Ilha do Mel, leia também o post abaixo: além do que já contamos aqui, falamos também dos passeios de barco disponíveis e quais fazer.

Dica extra: Serra da Graciosa e Morretes

Se escolher partir de Pontal do Sul, não deixe de descer a Serra da Graciosa, considerada uma das estradas mais bonitas do Brasil. Aliás, parece mais um passeio no jardim que uma viagem de carro rsrs. Vale parar em um dos muitos quiosques para um lanche rápido e tirar muitas fotos, especialmente se o dia estiver bonito.

E quem tiver um tempinho, a dica é parar na fofíssima cidade de Morretes, nem que seja para almoçar um barreado (prato típico da região) num dos vários restaurantes bacanas que há por lá. É uma delícia passear à beira do rio.

Dica: se estiver em dúvida entre conhecer Morretes e Antonina, outra pequena cidade histórica próxima, escolha Morretes! Passamos por Antonina e nos arrependemos: a cidade estava suja e mal cuidada, nada convidativa ao turista. Em compensação, Morretes é uma graça, o centro histórico está bem conservado e há muitas opções de restaurantes, bares, cafés e sorveterias.


Quando ir à Ilha do Mel

A Ilha do Mel fica no sul do país, no estado do Paraná, portanto o clima varia bastante ao longo do ano. Nos meses de verão (dezembro a março), faz calor mas também chove bastante, e a ilha costuma ficar cheia de turistas nos feriados e fins de semana. Já no inverno (junho a agosto) as temperaturas podem cair e atrapalhar os passeios, além da possibilidade de mar agitado e ressacas. Sendo assim, os melhores meses para ir são março a maio, e setembro a novembro.

Para atrair os turistas nos meses menos movimentados do inverno, há uma programação variada de eventos musicais, gastronômicos e esportivos, vale a pena pesquisar antes de ir.

Leia também: O que fazer em Curitiba: Programas para todos os gostos

Confira abaixo algumas outras sugestões de passeios pelo estado do Paraná, pelo nosso parceiro Civitatis.


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8 respostas

  1. Não conheço o Paraná e não tinha ouvido falar da ilha do Mel. Parece muito interessante. É engraçado como esses destinos se tornam badalados e ao algum tempo depois passam a ter muitos locais de estadia ótimos e até de luxo.

  2. Completíssimo o guia da Ilha do Mel. É um lugar que tenho bastante vontade de conhecer. Acho que ficaria na vila Encantadas, porque curto um agito. Muito boa a observação sobre mala x mochila!

  3. Eu amo a Ilha do Mel! Estive lá em 2011 pela última vez, mas fiquei animada por saber que continuam bem organizados, mesmo na altíssima temporada.
    Salvei o seu post no Pinterest para ter uma ideia sobre o que fazer na Ilha do Mel quando eu voltar lá.

  4. Ainda não conheço a Ilha do Mel, mas pelo que li aqui, me lembrou um pouco Morro de São Paulo, um destino também ainda bem primitivo apesar do turismo crescente, característica que eu adoro quando o assunto é praia.

  5. Gostei muito do seu guia da Ilha do Mel. É um destino que eu gostaria de conhecer; está na lista. Interessantes as teorias sobre a origem do nome!

  6. Cintia, você faz viagens maravilhosas, que sorte têm seus filhos! Já tinha lido sobre a Ilha do Mel aqui no blog, e este fuia da Ilha do Mel deixou tudo mais prático, obrigada!

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